Sawas-dee-ka!
Voltámos esta terça-feira da Tailândia, com energias renovadas, um tom de pele mais bronzeado e muitas histórias para contar. Foram dias recheados de muitas experiências inesquecíveis, algumas que nem sequer estávamos à espera, e muitas paisagens altamente fotogénicas e dignas de registo. Aliás, o nosso instagram foi prova disso mesmo.
A Tailândia é, sem sombra de dúvidas, um país fascinante. Dividimos os nossos dias por Bangkok, Ayutthaya, Chiang Rai, Chiang Mai, Krabi (Railay Beach) e Koh Phi Phi e, feitas as contas, pouco ou nada alterávamos do roteiro que criámos. Provavelmente, ficaríamos mais tempo em Chiang Mai e menos tempo em Krabi. Não que Krabi não seja bonito, mas já vão perceber o nosso porquê.
Agora, já em casa, malas desfeitas e sentimentos arrumados, falo-vos um pouco do que foi a nossa viagem...
Bangkok
De Bangkok confesso que estava à espera de um pouco mais de caos. Não que a cidade não seja suficientemente caótica, mas o rebuliço não é exagerado e dá-lhe uma vida muito característica. Para quem já andou no meio do trânsito em Bali e de metro nos subúrbios de Hong Kong com cardumes de pessoas de um lado para o outro, não foi nada assustador.
Não tivemos dificuldade em explorar a cidade a pé, percorrendo os vários templos e parando para comer nos restaurantes que nos pareciam limpos e agradáveis. Se da primeira vez que lá estivemos nos dedicámos a conhecer a zona antiga, ficando alojados na louca Khao San Road, nos últimos dois dias preferimos a zona nova, repleta de arranha-céus e cadeias de hotéis internacionais. Khao San Road em plena noite é uma experiência memorável, com muita música, muitas pessoas, vendedores de tudo e mais alguma coisa - desde imitações de malas Michael Kors a escorpiões e tarântulas grelhados, passando por cartas de condução - e um ambiente de festa implícito em todos os cantos. Dos templos recordo, principalmente, as cores e os sons. Sinos a rebate, sons mais agudos e mais graves, a soarem simultaneamente.
A cidade oferece opções para todos os gostos e não é difícil preencher cada dia com coisas para ver e fazer. Não deixem de experimentar os típicos mercados - tanto diurnos como nocturnos - e não cometam o mesmo erro que cometemos: deixar escapar o Chatuchak Weekend Market.
Ayutthaya
A cerca de oitenta quilómetros de Bangkok, visitámos as ruínas da cidade histórica de Ayutthaya, em tempos destruída pelo exército birmanês. Para lá chegarmos recorremos ao comboio com direcção a Chiang Mai, que apanhámos na estação principal de Bangkok. Se para lá nos armámos em finos e comprámos um bilhete de segunda classe, com lugar marcado e ar condicionado, no regresso arriscámos a terceira classe e foi uma aventura e tanto. Tão cedo o cheiro a peixe seco misturado com transpiração não me sairá das narinas, garanto-vos.
Percorremos os principais templos em ruínas, que lhe valeram o título de Património da Humanidade pela UNESCO e também os verdes jardins em torno do rio Chao Phraya, com uma calma contrastante à azáfama das grandes cidades. Deliciámos-nos com a imponência de cada sítio e com as cores quentes de cada panorâmica. Provavelmente, teríamos saído a ganhar com um melhor planeamento das visitas e com o aluguer de uma bicicleta, já que a deslocação entre os vários pontos turísticos é complicada e se encontram a consideráveis distâncias uns dos outros. Se ver templos em ruínas não vos enche as medidas, restrinjam-se apenas aos principais, já que são todos muito semelhantes.
Foi também em Ayutthaya que visitámos aquele que acabou por ser o único floating market do nosso roteiro. Apesar de ser feito nitidamente para turista ver, foi uma experiência muito característica e que valeu a pena, principalmente pela comida.
Chiang Rai
Não era nosso objectivo, ao iniciarmos o planeamento da viagem, visitar-mos o norte. Mas as pesquisas fizeram-nos mudar de ideias e foi o melhor que fizemos. Mais característico, mais hospitaleiro e, sem dúvida, com as experiências mais marcantes da viagem. Acabados de aterrar no aeroporto, seguimos directos numa curta viagem até à aldeia Karen Long Neck. Foi o ponto mais controverso da nossa viagem: se eu, que desde pequena me lembro de ver retratos destas mulheres nas revistas e livros que lia, ansiava por lá chegar, a ele esta tradição faz-lhe uma certa confusão e não estava certo de ser uma visita devidamente ética e responsável. Depois de muito ler e pesquisar, resolvemos visitar a vila e fazê-lo com uma guia privada que nos permitisse não só conhecer melhor esta realidade como também garantir que o fazíamos de forma eticamente responsável. A Vipa demonstrou ser uma excelente guia, permitindo-nos comunicar com as habitantes da vila, mostrando conhecer a história familiar de cada uma delas e quebrando o gelo que poderia transformar esta visita em algo completamente desconfortável. Ainda assim, Ele não ficou completamente convencido e provavelmente, não repetiria a experiência.
Pela primeira vez, tivemos também a oportunidade de ver três países simultaneamente, no Triângulo Dourado. Aproveitámos para fazer um pequeno passeio de barco, que nos permitiu vistas lindas e um pequeno saltinho à ilha Don Sao, no Laos. Se o passeio de barco vale a pena pela paisagem e por nos refrescar do calor abrasador, a visita a Laos foi como ir, num instantinho, à Feira de Carcavelos, já que a única coisa que a ilha tem para ver é um mercado de imitações de marcas de alta costura.
Antes de partirmos em direcção a Chiang Mai, visitámos também o imponente e extravagante Templo Branco. Soa muito estranho se vos disser que o que mais me impressionou foi o brilho encandeante e a limpeza das casas de banho, localizadas num edifício totalmente dourado por contraste ao templo?
Chiang Mai
Chiang Mai trouxe-nos a experiência mais marcante e o ponto alto da nossa viagem: a visita a um santuário de elefantes. A interacção com eles é fenomenal e conhecemos uma espécie brincalhona, amigável e enternecedora. Olhar nos olhos de um elefante não nos sai da memória.
O principal templo da cidade, Doi Suthep, tem uma vista magnífica lá do alto e o mercado nocturno foi o melhor mercado que visitámos durante toda a viagem. Produtos locais e artesanais, preços muito bons e um ambiente agradável que só temos pena de não poder aproveitar novamente.
E, exactamente por isto e também para conhecer melhor o centro da cidade, se pudéssemos tínhamos ficado lá pelo menos mais uma noite.
Krabi - Railay Beach
Depois dos dias muito agitados a conhecer Bangkok, Ayutthaya, Chiang Rai e Chiang Mai, confesso-vos que chegarmos a uma praia praticamente vazia e só ouvir o som do mar soube-nos a mel (tenho que arranjar uma metáfora melhor, já que não somos grandes apreciadores do mesmo...). Escolhemos Railay Beach por ser considerada uma das praias mais bonitas da Tailândia e por ser apenas acessível por barco, o que nos prometia um recanto mais pacato. A beleza da praia é incontestável, mas a poluição espalhada por todo o lado, a autêntica lixeira entre Railay East e Railay West e os preços exageradamente inflacionados para produtos sem qualidade fizeram deste o ponto menos positivo da nossa viagem. A praia é um pequeno paraíso, mas mergulhar entre sacos de plástico, pacotes de batatas fritas e garrafas vazias não faz o nosso género, e tudo nos soaria melhor se não houvesse um barulho constante de taxi boats a atravessarem a baía e a espalharem no ar um forte odor a gasolina.
Koh Phi Phi
Visitar as ilhas Phi Phi era, desde há muito, um dos pontos da minha bucketlist. Ainda assim, e por achar que são uma zona demasiado turística, não depositei muitas expectativas neste ponto da viagem. Estava redondamente enganada e os dias em Phi Phi Don foram, para ambos, outro dos pontos altos da viagem. Apesar de a zona da "cidade" ser demasiado turística, do ambiente ser de festa e noitadas e de por todo o lado se ouvir a música berrante dos bares da praia até de madrugada, a ilha é linda e o azul da água é dos mais bonitos que já vimos. A oferta é muita e a ilha agrada a todos os tipos de viajantes: mochileiros, jovens à procura de noitadas, casais apaixonados, aventureiros da natureza (recomendamos dormir em autêntica selva, no Viking Resort), desportistas, etc.
As praias são muito bonitas e a água demasiado convidativa, principalmente depois da subida agreste ao view point - imperdível. O snorkeling é bom e recomenda-se, mergulhar com plankton é outra das experiências que nos vai ficar na memória e, apesar de ser das zonas mais turísticas da Tailândia, os preços são bastante simpáticos. Continuo muito curiosa com a quantidade de pés e joelhos feridos e muletas que vimos, mas desconfio que a culpa é, em grande parte, dos free shots nas festas da praia e da corda que é preciso subir para entrar em Maya Bay (um ligeiro flop, para turista ver)...
Ficámos alojados no The Cobble Beach Hotel, fora de mão mas muito agradável e, certamente, com a melhor vista da piscina.
Resumidamente, para quem não teve paciência para ler tudo, gostámos bastante. E antes que nos perguntem, explico-vos porque não incluímos Phuket no nosso roteiro. Primeiro, porque Ele já lá tinha estado anteriormente (era o único ponto da Tailândia que já conhecia). Depois, porque não achou que fosse um local extraordinário. E, por último, porque todos os relatos que lemos nos falavam de uma zona exageradamente turística, uma espécie de Albufeira da Tailândia. Ora, marcar lugar na praia e ter que lutar para que a minha toalha não seja invadida por estranhos não é bem a minha "praia", para isso já me basta os piores dias do Algarve em Agosto. Tendo em conta que as ilhas Phi Phi são acessíveis, de barco, quer por Phuket quer por Krabi, optámos por dedicar os nossos dias a Krabi. E não temos qualquer arrependimento.
Recebemos muitos alertas pela altura do ano em que marcámos a nossa viagem, o início da dita época de chuvas na Tailândia. Não sendo viajantes inexperientes, é claro que pesquisámos sobre isso antes de comprarmos o nosso voo e posso-vos dizer que ambos considerámos que foi das melhores opções que tomámos. A época de chuvas na Tailândia é um pouco inexpressiva, não há monções como nos países vizinhos e o calor torna-se mais tolerável para quem não está habituado a temperaturas e níveis de humidade tão elevados (dos calores mais insuportáveis que já sentimos...). Além disso, o facto de ser época baixa permitiu-nos estar em praias totalmente vazias, templos praticamente por nossa conta e passear nas ruas não foi uma prova de obstáculos.
De uma forma geral, o que mais nos surpreendeu foi que não encontrámos na Tailândia o conhecido "país dos sorrisos", sentindo até o oposto. Apanhar um táxi por lá é uma prova de resiliência, já que é preciso abordar uns seis ou sete taxistas até encontrar um que não se recuse a ligar o taxímetro e não nos responda um "go walking!" ou não arranque com a nossa cabeça ainda enfiada pela janela do táxi, em busca de negociação. A ideia generalizada de que os turistas são para serem enganados, a exagerada dificuldade na compreensão do inglês (pareceu-nos que em muitos casos por falta de vontade, e não por falta de conhecimentos) e a senhora de gestos agressivos num posto oficial de turismo em Bangkok deixaram-nos, confesso, de pé atrás. Mas encontrámos, certamente, pessoas simpáticas, prestáveis e hospitaleiras que foram uma agradável excepção aquilo que demonstrou ser regra.
Depois de tantas palavras, faz-me agora falta um típico chá gelado ou um delicioso sumo de fruta, que foram presença assídua nos nossos dias. A comida tailandesa conquistou-nos tanto a mim como a ele (o que é um autêntico feito!) e recheámos os nossos dias de Pad Thai, fried rice e noodles. E até a cerveja nos conquistou, com Tigers e Changs fresquinhas como manda a tradição.
À Tailândia teremos, um dia, que voltar. Ficaram por aproveitar as fantásticas massagens tailandesas (como é que é possível?) e ficou-nos pendente a visita ao Parque Natural de Khao Sok, já que apenas encontrámos tours que incluíam elephant trekking, que nos recusámos a fazer. E há tantas outras ilhas, menos turísticas, por explorar... É sempre bom deixar motivos para voltar, não é verdade?