Para vos situar, as Gili são um conjunto de três pequenas ilhas - Gili Trawangan, Gili Meno e Gili Air - pertencentes à Ilha de Lombok. São as três minúsculas, com um total de 15km2! Cada uma delas tem as suas especificidades e características, sendo que cada "tipo de público" tem a sua preferência.
De entre as três, optámos pela maior, Gili Trawangan. É a maior mas não é grande, não pensem... tem 3km de comprimento por 2km de largura. Diziam-nos que era a mais agitada, badalada e com mais festas, e não era propriamente isso que procurávamos. Mas quando encontrámos as imagens dos famosos baloiços no meio do mar, não hesitámos. Gili Trawangan era, sem dúvida, o nosso destino (confesso que tive um maior peso nesta decisão, sou pessoa facilmente comprável por uma boa foto do pôr-do-sol).
A viagem de Bali para as Gili dura cerca de uma hora e faz-se muito facilmente, através de fast boats com partida de vários pontos. Fizemos a nossa reserva previamente, através da Gili Transfers, que muito prontamente respondeu a todas as nossas dúvidas. Viajámos com a Wahana Gili Ocean, num barco confortável com ar condicionado e incluindo pick up no hotel.
Se nos perguntam se recomendamos a Wahana Gili Ocean, a nossa resposta é "nim". Não prestam um bom serviço, é demasiado confuso, desorganizado, atrasado e tivemos uma aventura e tanto para voltar para Bali. No entanto, e como li em várias opiniões sobre esta empresa, a questão é a comparação: esta não é boa, mas também nenhuma é. Portanto, com uma boa dose de paciência e relativização, sim, recomendamos a Wahana.
Se a viagem correr mal logo na ida (connosco foi apenas no regresso), não se preocupem! A visão ao chegar à ilha é assim (e faz esquecer qualquer coisa):
Outra coisa que precisam de saber desde já sobre as Gili, diz respeito aos meios de transporte: não há nenhum veículo motorizado na ilha. As deslocações fazem-se de bicicleta ou de cidomo (carroças puxadas por cavalos) e isso torna a atmosfera ainda mais característica.
O porto da Gili T fica no lado Este da ilha, enquanto o nosso hotel ficava exactamente do lado oposto, a Oeste. Podia ser simples lá chegar se existisse uma estrada a atravessar a ilha, mas apenas existe uma que a contorna. Fizemos, portanto, o caminho até ao hotel de cidomo, o que nos permitiu ter logo alguma ideia sobre a ilha e ficar, logo à partida, deslumbrados.
O Hotel Ombak Sunset, onde ficámos alojados (podem ler a nossa opinião aqui), não nos desapontou. Arrisco dizer que é o hotel mais famoso da ilha, pelos seus conhecidos baloiços. As instalações são óptimas, os quartos super espaçosos e a internet funcionava em praticamente todos os recantos, mesmo na praia.
Depois de uma calorosa recepção por parte do staff do hotel, com direito a welcome drinks, fizemos o reconhecimento do espaço do hotel e da praia. Confesso que estávamos muito curiosos com os baloiços...
No que toca à alimentação, a oferta nesta zona é bastante reduzida. No entanto, o hotel tem à disposição três restaurantes com menus diversificados. E tal como em Bali, sumos de fruta deliciosos.
O único senão deste lado da ilha é a profundidade do mar. Ao início da tarde, ficámos praticamente sem água durante umas boas dezenas de metros de areal. Nada que a piscina do hotel, logo ali atrás, não resolvesse.
Ao final da tarde, a praia do hotel enche-se de clientes e outros turistas que se deslocam propositadamente para ver o pôr-do-sol. O hotel disponibiliza espreguiçadeiras, puffs e mesas para todos, bem com um serviços de coktails e uma happy hour.
Entretanto, o nível da água já voltou a subir, os baloiços estão novamente no meio da água e o sol começa a pôr-se no horizonte. Vale mesmo a pena assistir a este momento, ainda que o dia esteja nublado, como nos aconteceu.
Terminámos o nosso primeiro dia com um jantar na Casa Vintage, a menos de 5 minutos a pé do hotel. Já tinha lido várias recomendações, e mesmo sem identificarmos, foi dos locais que nos saltou à vista na viagem entre o porto e o hotel.
Basicamente, estamos a falar de um restaurante e loja de roupa no meio da praia, com um ar bastante vintage (a fazer jus ao nome) e um ambiente muito descontraído. Mais baloiços (Gili Trawangan é a ilha dos baloiços), reggae a sair das colunas de som e uma viola à disposição de quem quiser tocar.
Acho que pela quantidade de fotos dá para perceber o quanto gostei deste sítio, não dá? Pessoalmente, fez-me lembrar o ambiente do agora destruído Surf Camp que havia em Ribeira D'Ilhas, onde passei muitas tardes de verão, daí a nostalgia.
A escolha ao nível de refeições era um pouco limitada, o que pode ser complicado quando se viaja com alguém esquisito a nível alimentar, como Ele. Ainda assim, após algumas dificuldades iniciais, ficámos ambos muito bem serviços. E mais uma vez, o sumo era tão mas tão bom que repetimos.
O segundo dia começou com uma caminhada - com um calor abrasador - pelo lado superior da ilha, que ainda não conhecíamos. Além de vários edifícios me construção (parece-me que a quietude deste lado da ilha vai diminuir brevemente), encontrámos vários bares de praia bastante pitorescos e originais.
Seguimos em busca do Le Pirate, outro dos sítios que nos tinham previamente recomendado. Além de alojamento, o Le Pirate tem ainda um beach club com pequenos almoços, buffet e brunches saudáveis e deliciosos, que podem ser apreciados num cadeirão mesmo em frente à piscina.
Adorámos quer a comida, quer as instalações, quer o atendimento. E ficámos com vontade de experimentar o alojamento nas cabanas.
Para terminar a nossa curta passagem pelas Gili, tivemos ainda oportunidade de passear pela rua principal, onde encontramos todo o comércio da ilha: restaurantes, mini mercados e lojas com artigos de praia. É também nesta zona que, dizem, está toda a agitação. Nós, do outro lado, não demos por nada.
Enquanto esperávamos pelo barco de regresso, experimentámos a praia do lado este: mais azul, mais "paradisíaca" à primeira vista, e também com maior profundidade.
Resumindo, as Gili têm o "quê" de paradisíaco que não encontrámos em Bali. Muito em parte, por serem ilhas muito pequenas e menos desenvolvidas. São o complemento ideal a Bali, para quem procura um misto de férias culturais e de praias de águas azuis.
Outra diferença que encontrámos está relacionada com a religião. Ao contrário da maioria da população indonésia, Bali é a única ilha em que a maior parte da população é hindu. Nas Gili, não encontramos representações tão óbvias da religião como em Bali, e as características a ela associadas não são tão genéricas na população das Gili.
Se Bali se caracteriza pela simpatia, pela cor, pelo cheiro a incenso que está por toda a parte, pelo verde da vegetação e pela bondade das pessoas, eu diria que a Gili Trawangan se caracteriza pelo sossego e pelo silêncio apenas cortado pelos passos dos cavalos, pelo cantar dos pássaros e pelo zumbir dos grilos. É uma ilha muito característica e foi, sem dúvida, o local ideal para relaxar.
É impossível dizer que não recomendaríamos as Gili com 100% de certezas. Para tornar o grau da nossa paixão mais perceptível, posso-vos dizer que quando voltámos a Portugal Ele fez contas de quanto precisávamos de poupar para ir viver para lá. Portanto, caso venhamos a ganhar o Euromilhões, já sabem onde nos encontrar...
Let's run away?