Aqui estamos nós, de volta ao blog. Os últimos quinze dias passaram a correr e a nossa vontade era mesmo ter ficado por lá, mais uns tempos. Estamos, sem sombra de dúvidas, muito mais ricos culturalmente. Esta viagem foi uma experiência e tanto no que toca a contrastes. Mas vamos por partes...
- Hong Kong
Correspondeu completamente às expectativa que tínhamos. Um primeiro contacto com a cultura chinesa, mas com muitas influências da cultura ocidental. Sabíamos que não era propriamente uma região com muita história para contar, mas sim com um conjunto de histórias e influências, e isso foi bem visível.
É engraçado conhecer Hong Kong principalmente depois de visitar Nova Iorque, porque as comparações são inevitáveis: a skyline, os arranha-céus iluminados, a vista do rio (que neste caso, é de ambos os lados) e até uma Times Square e um SoHo. Fiz várias vezes a comparação entre comprar uma imitação de uma mala chinesa "de marca" e visitar Hong Kong em vez de Nova Iorque.
Experimentámos passear nos vários bairros, visitar templos, visitar jardins, subir a rooftops e visitar os mercados locais. Experimentámos também a comida local (dim sum maravilhoso e noodles não tão maravilhosos - principalmente segundo Ele). Fiquei fã dos chás gelados por toda a parte - em restaurantes e em bancas de rua - e da organização levada ao limite em todo o lado.
- Macau
Visitar Macau é como visitar um pouquinho de Lisboa, de uma qualquer cidade chinesa e de Las Vegas, tudo num só dia. Dependendo da zona da cidade em que estamos, a influência é distinta. Visitámos o centro histórico de Macau, onde a influência portuguesa é incontestável - as ruínas, os edifícios típicos, a calçada portuguesa e até os nomes das ruas. Percorremos os bairros circundantes, onde nos sentimos de volta à China. E para terminar, visitámos os casinos quer em Macau quer em Taipa, onde nos sentimos transportados para Las Vegas: uma Torre Eiffel em miniatura, canais venesianos, casinos enormes, muitas luzes e hotéis mega luxuosos.
Fica-nos na memória a visita ao restaurante Mariazinha, onde matámos as já existentes saudades de comida portuguesa, e a visita à loja de magia.
Não estávamos à espera de, num sítio onde até os nomes das ruas são portugueses, não encontrarmos rigorosamente ninguém que falasse português e até mesmo inglês. A comunicação com os taxistas, por exemplo, foi feita à base de gestos e com um mapa.
- Manila
Manila é facilmente descritível com a expressão "um murro no estômago". Como vos disse, não tínhamos propriamente intenção de visitar a ilha (Manila) nem a cidade (Metro Manila), a capital das Filipinas. No entanto, com uma escala obrigatória na cidade e seis horas para esperar pelo próximo avião, chamámos um Uber e fomos até à zona central, onde existe um "calçadão" para caminhar.
O trânsito é infernal, as ruas são caóticas e a visão geral que nos fica é de uma favela gigantesca. Casas de latão, empilhadas umas em cima das outras e lixeiras a céu aberto. Experimentámos um sentimento de insegurança constante e mesmo o próprio motorista recomendou-nos vivamente que fechássemos o vidro do carro e escondêssemos a máquina fotográfica. Ainda assim, segundo ele, o trabalho do presidente das Filipinas no combate ao crime tem sido notório e já não há "problemas de maior". Segundo ele, os grandes criminosos estão "in jail or already resting in peace". Se isso nos deixou mais descansados? Nada.
Mesmo no aeroporto - no regresso já não nos arriscámos a sair de lá - a nossa experiência não foi a melhor e reza a história que não fomos presos por pouco. Um dia destes contamos a história...
Depois da experiência em Manila, Palawan e mais especificamente Puerto Princesa é mais suave e pacato. Mas não em exagero. Mantém-se a ideia de insegurança - revistas e detectores de metais nas entradas dos centros comerciais, guardas de metralhadora nas praias, etc. - mas com um sentimento menos constante e evidente. A natureza da ilha (fantástica!) dá-nos uma irreal sensação de tranquilidade, e conquista-nos gradualmente dia após dia. Se no primeiro dia o descontentamento era evidente, quer com as condições da ilha quer com o hotel, esse sentimento foi diminuindo. Vimos espécies de animais com que nunca tínhamos tido contacto, como caranguejos eremitas no seu habitat natural e estamos ainda estupefactos com a quantidade de estrelas do mar na praia do hotel e com os búfalos selvagens com que nos cruzamos pelas estradas.
A visita ao Rio Subterrâneo e às várias ilhas de Honda Bay foi um ponto de viragem. A ilha é, realmente, lindíssima. É impagável navegar num rio subterrâneo, debaixo de uma montanha enorme repleta de floresta tropical. A sensação de lá estar dentro e apenas ouvir as gotas de água que caem e os remos do barco é indescritível.
Ainda assim, fica-nos na memória principalmente a falta de condições de vida: as casas de palha, o pouco acesso a água potável, as camas de rede onde dormem, a pouca utilização dos recursos naturais que têm na ilha. Há ainda muito para melhorar. Graças à desorganização evidente, à pouca preparação para o turismo e à nossa falta de tempo, com muita pena nossa, El Nido (a parte mais conhecida da ilha) ficou por visitar.
Resumindo, foi uma experiência muito rica. Não são, no geral, destinos que tenham entrado directamente para a nossa lista de preferências. Daquilo que conhecemos e tendo em conta a vertente cultural, vamos continuar a preferir, por exemplo, Bali às Filipinas. Mas as diferenças culturais que encontrámos fazem-nos valorizar imenso esta experiência que tivemos oportunidade de ter. E dar ainda mais valor ao nosso chuveiro quente, ao nosso colchão e almofadas onde dormimos e à nossa fantástica cozinha portuguesa.
Brevemente contamos mais detalhadamente a nossa experiência em cada um destes destinos, com o habitual orçamento e roteiro.
Até lá, vamos combatendo a nossa depressão pós-férias e o regresso à realidade. O que vale é que faltam menos de três semanas para entrarmos novamente num avião...