Madrid, Madrid... Não posso dizer que Madrid nos encante, mas é uma cidade a que nunca nos importamos de voltar. E, por isso mesmo, aproveitámos uma escala entre duas viagens de avião para mais uma vez percorrermos as ruas de Madrid. Foi num solarengo dia de Abril de 2016 e conseguimos, praticamente sempre a pé, percorrer os pontos principais da cidade.
Já ambos lá tínhamos estado anteriormente: para ele era a segunda vez, para mim a quarta. Por isso, eliminámos os Museus (já conhecidos) do nosso roteiro - mas a seu tempo direi em que ponto do roteiro os deverão inserir.
Seguimos do aeroporto directamente para o centro da cidade, mais precisamente para a Gran Via. Há metro directo do aeroporto para o centro da cidade, o que facilita imenso os acessos.
Sendo a Gran Via a principal avenida de Madrid, aqui encontram muita variedade de lojas, restaurantes e cafés. Aproveitámos, assim que saímos do metro, para tomar um pequeno almoço reforçado que nos desse energias para o longo percurso que tínhamos pela frente.
O primeiro ponto de paragem foi a Praça de Espanha, mais precisamente o Monumento a Cervantes. Neste monumento podemos encontrar uma estátua do próprio Cervantes, num pedestal, e as representações de Don Quixote e Sancho Pança, a cavalo.
Se a Praça de Espanha está sempre cheia de turistas (inclusive em cima do Don Quixote e do Sancho Pança), o mesmo acontece com o Templo de Debod. Este é um original templo egípcio do ano 200 a.C. que foi oferecido a Espanha pelo Egipto. A entrada neste templo é gratuita e é possível observar hieróglifos quer no interior quer no exterior do edifício.
Seguindo o jardim em que o Templo de Debod está inserido, temos vistas desafogadas para a cidade de Madrid: quer para a zona residencial, quer para o Palácio Real que se encontra bastante perto. Foi exactamente para o Palácio Real que nos dirigimos, passando pelos Jardins Sabatini.
Os Jardins Sabatini, adjacentes ao Palácio Real, são um bom ponto para recarregar energias. A entrada é gratuita e permite-nos desfrutar dos lagos, estátuas, bancos de jardim, etc.
Quase todas as panorâmicas dos Jardins Sabatini têm como elemento principal um edifício: o Palácio Real. Esta é a residência oficial dos Reis de Espanha e merece, certamente, uma visita (pelo menos exterior). A entrada é paga (o bilhete para um adulto custa 11,00€) e não esperem encontrar a família real a passear por lá, já que este Palácio apenas é utilizado em cerimónias e momentos especiais.
E aproveitando a localização, logo ao lado temos a Catedral de Santa Maria a Real de Almudena, mais conhecida como Catedral de la Almudena. Serviu de cenário ao casamento real dos actuais Reis de Espanha e a entrada é livre. Apenas será necessário adquirir bilhete para aceder ao Museu ou à Torre. Da primeira vez que a visitei - em 2004, com os meus pais - tinha patente uma exposição sobre as várias caracterizações de Maria ao longo dos anos. De morena a loira, acompanhando os ideais de beleza ao longo das décadas, foi uma comparação bastante interessante mesmo para quem não é católico.
Da Catedral seguimentos pela Calle Mayor - bastante típica - até à Plaza de la Villa. Este caminho é bastante característico, com farmácias antigas, lojas de souvenirs e uma multidão de pessoas em ambos os sentidos.
Hora de almoço em ponto e a altura ideal para chegarmos ao próximo marco no nosso roteiro: o Mercado de San Miguel. À semelhança dos mercados que têm surgido em Portugal nos últimos anos, é um mercado tradicional transformado em espaço de refeições. É possível encontrar um pouco de tudo: bancas de doces tradicionais, bancas das famosas tapas espanholas, bancas de bebidas, bancas de fruta, bancas de peixe. Aqui, temos uma dica preciosa: almoçar fora do Mercado de San Miguel e aproveitá-lo apenas para a sobremesa, ou um aperitivo. Recomendamos o restaurante Emma Cocina, nas traseiras do mercado, onde é possível comer tapas com um preço e uma qualidade bem mais apelativas do que no mercado. No nosso caso, recorremos às banquinhas do Mercado para a sobremesa (e para muitas fotografias).
Do Mercado de San Miguel seguimos para a tradicional Plaza Mayor. Além da estátua do Rei Filipe III, reparem na beleza dos edifícios que rodeiam a praça e nas fachadas pintadas e ornamentadas. Também aqui existem vários restaurantes com esplanadas onde é possível almoçar ou jantar pratos tradicionais, como paella.
Esta é a parte mais antiga da cidade e, consequentemente, a zona em que os edifícios são mais trabalhados e merecedores de atenção. É possível seguir por ruas e ruelas até à Puerta del Sol, a mais famosa praça de Madrid (sabiam que daqui partem seis estradas nacionais espanholas?).
É uma praça muito típica e muito movimentada, com imensos artistas de rua em variadíssimas performances: teatro, dança, estátua, canto, etc. É também nesta praça que se encontra a famosa estátua do Urso e do Medronheiro, o escudo da cidade de Madrid.
Se quiserem aproveitar a visita a Madrid para algumas compras (os saldos em Espanha são óptimos e estendem-se também às farmácias, pelo que é possível comprar produtos de cosmética e dermatologia com desconto) esta é uma óptima zona, com várias ruas - Calle Preciado, Calle de Tétuan, Calle de la Montera - dedicadas ao comércio.
Da Puerta del Sol seguimos pela Calle de Alcalá em direcção à praça com o mesmo nome, mas com várias paragens e desvios pelo caminho.
Como vos disse logo no início, não incluímos museus neste nosso percurso porque já os conhecíamos. Caso pretendam visitar o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, devem fazê-lo neste momento do percurso, seguindo da Puerta del Sol pela Calle de Santa Isabel até ao edifício do Museu. Este museu alberga uma enorme colecção de arte espanhola do século XX, com artistas como Dali, Picasso e Miró. A entrada tem um custo de 8,00€ para adultos mas existem vários horários específicos com entrada livre. Uma das principais obras e, sem dúvida, a que mais me marcou, foi a Guernica de Picasso.
No nosso caso, seguimos directamente para a Caixa Forum, um centro sócio-cultural. Mesmo que não visitem o Museu, vejam o famoso jardim suspenso construído numa das laterais do edifício.
Daqui seguimos para a Plaza de Cibeles, ou como costumo brincar, o Marquês de Pombal de Madrid (é aqui que o Real Madrid festeja os seus campeonatos ganhos). Um dos pontos mais característicos da praça é o famoso palácio.
No entanto, se quiserem visitar o Museu Nacional del Prado, podem encontrá-lo no caminho entre a CaixaForum e a praça Cibeles. Este museu dispensa apresentações, é um dos museus mais conhecidos da Europa e não é para menos: é nele que se encontra a maior colecção de arte europeia do mundo. O tamanho do museu faz jus ao tamanho da colecção: o edifício é enorme e deverão reservar várias horas para visitá-lo. A entrada custa 15,00€ para adulto e é gratuita para os estudantes que apresentem comprovativo.
Recordo principalmente o quadro "As Meninas", de Velázquez. Mas confesso que me desiludiu a quantidade de informação em cada parede: vários quadros colocados em volta de outros, desviando-nos a atenção em vários sentidos diferentes.
Da Plaza de Cibeles seguimos directamente para a Puerta de Alcalá, na Praça de Independência. À semelhança da Plaza de Cibeles, é uma das imagens de marca da cidade de Madrid.
É também nesta praça a entrada principal para o Parque del Retiro, ou Jardines del Buen Retiro de Madrid. Estes jardins são um enorme pulmão da cidade, com grandes áreas de relvado, jardins, percursos, lagos e o lindíssimo Palácio de Cristal.
Neste ponto as pernas já começam a pesar e, portanto, podemos aproveitar a enorme área de parque para descansar. Ou até para comer um gelado ou beber uma bebida fresca numa das várias esplanadas existentes.
Para os mais enérgicos, é também possível remar um barco no lago principal, onde se encontra o monumento a Afonso XII.
Se não forem adeptos de futebol, o roteiro termina aqui, em beleza, no parque. Até este ponto, o Sygic Travel deu-nos uma estimativa de 10km a andar a pé, num total de cerca de sete horas (não incluindo os museus). Como vêem, é perfeitamente exequível num dia se forem bons caminhantes, ou num fim-de-semana. O tempo fica mais apertado se incluírem os dois museus que referimos: o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía e o Museo del Prado.
Se gostam de futebol, do Real Madrid ou mesmo do Cristiano Ronaldo, há mais um ponto a acrescentar: o Estadio Santiago Bernabeu. Por ser um pouco mais afastado do centro da cidade, optámos por utilizar o metro para lá chegar.
Não deixem de visitar a loja oficial do estádio, com três pisos repletos de merchandising do Clube e com centenas de camisolas do Cristiano Ronaldo a serem consecutivamente repostas. Já estive três vezes na loja, em anos e alturas diferentes, e de todas as vezes estavam a ser vendidas dezenas de camisolas do Cristiano Ronaldo. É incrível perceber o movimento e a quantidade de fãs do "nosso" craque.
Como fomos em dia de jogo, tivemos oportunidade de sentir um bocadinho o ambiente que se vive em torno do estádio e, com muita sorte, ver alguns jogadores.
Se quiserem espreitar o interior do estádio, podem adquirir um bilhete para uma das visitas guiadas organizadas ou então visitar a sala panorâmica do Real Café Bernabeu. A entrada no restaurante é cobrada mas podem convertê-la numa bebida. Assim, acabámos a nossa visita a Madrid sentados na esplanada interior, a ver o estádio.
Resumindo, Madrid é uma cidade cheia de vida, com muitos costumes ligadas à cultura e à comida - coisas que nos agradam principalmente. Tem a facilidade de ter os seus pontos principais reunidos no centro, próximos uns dos outros e de ser até bastante plana (...bom, comparando com Lisboa é tudo plano), o que a torna num óptimo destino de fim-de-semana para percorrer a pé. Não duvido que, se tivermos oportunidade, iremos aproveitá-la mais vezes.
Let's Run Away?