Post Page Advertisement [Top]

Roteiro: Macau (1 dia)


Chegar a um território chinês mas que até há bem pouco tempo era português e que tenta ser a Las Vegas da Ásia? Todas estas misturas deixaram-nos muito curiosos. Isso, e todo o passado português associado a Macau, o sabermos que iríamos encontrar muitos vestígios da passagem portuguesa por lá, as ruas com nomes portugueses, a calçada portuguesa, etc. 

Aproveitando a nossa viagem a Hong Kong, de que já vos falámos, demos um saltinho a Macau durante um dia. Fomos de barco (num TurboJET), chegámos lá em menos de uma hora e pagámos cerca de 40,00€ por pessoa, ida e volta. Partindo nos primeiros barcos da manhã e regressando nos últimos, ficamos com tempo suficiente para percorrer todos os pontos turísticos. Um dia foi-nos suficiente para ver a zona histórica, os arredores do centro e também Taipa, a zona mais desenvolvida e onde se encontram os enormes e luxuosos casinos. Mas se tiverem oportunidade de lá ficar mais tempo, achamos que vale a pena. Há muito por descobrir!

Não vos vou falar da viagem de barco, que detestei. Há poucas coisas que me parem, mas salto mais rapidamente de pára-quedas do que me enfiam num barco... Se têm tendência, como eu, a enjoar, aconselho-vos a tomarem medicação anti-enjoo antes de embarcarem. No meu caso não foi suficiente, pois o mar estava bastante agitado naquele dia, mas a visita a Macau compensou.

Começámos por um dos pontos mais altos, que nos permitiu ter uma vista geral da península e das ilhas. Apanhámos um táxi desde o Porto Marítimo e lá fomos nós:

- Fortaleza de Nossa Senhora da Guia

Esta fortaleza, agora desmilitarizada, encontra-se na maior elevação macaense, a Colina da Guia. Tem um jardim enorme, um farol e várias zonas de onde podemos ver um pouco de tudo: o centro histórico, a zona dos casinos e também as zonas residenciais, facilmente identificáveis pelo contraste visual.




- Teleférico da Guia

Para quem quer visitar a Fortaleza da Guia sem subir a colina, existe um teleférico que faz esta subida. Nos utilizámo-lo apenas para descer, mas é possível subir e descer no teleférico. As vistas são agradáveis e foi uma grande ajuda na descida, para chegarmos ao centro histórico.



- Cemitério de São Miguel Arcanjo

Um tradicional cemitério, mas muito colorido. No seu recinto encontra-se a igreja catóilca mais antiga de Macau, que vemos na imagem. Se tiverem interesse, existem várias campas e jazigos merecedores de atenção.


Pelo caminho até ao próximo ponto - aquele que é a imagem mais cliché de Macau - passámos por várias ruas de zonas residenciais. Muitas grades nas janelas (por motivos de segurança?), muitas lojas típicas e, também, pobreza. Confesso que as grades impressionam, principalmente quando a distância para o prédio da frente é diminuta e as grades, projectadas em relação à fachada do edifício, a diminuem ainda mais. 



- Ruínas de São Paulo

São, como vos disse, o ponto mais turístico de Macau, aquele que aparece em todos os postais. Estas ruínas pertencem à antiga Igreja da Madre de Deus, inserida no Colégio de São Paulo, que foi destruído por um incêndio em 1835. Hoje, a fachada em ruínas e a escadaria são paragem obrigatória para qualquer turista em Macau. Foi exactamente aqui que pensei "Caraças, estou do outro lado do mundo!", pois sempre vi Macau como um território muito distante e que, curiosamente, não inseria na minha wishlist. Burrice, eu sei.



Daqui, descemos em direcção à Rua de São Paulo e em busca do local para almoçar. Pelo caminho, o primeiro momento de surpresa da viagem: depararmo-nos com calçada portuguesa, ali, debaixo dos nossos pés. É um sentimento curioso, divertido e ao mesmo tempo, estranho. Viajámos horas, não ouvimos falar uma única palavra de português (já vos falo sobre isso) mas temos a nossa tão típica calçada portuguesa debaixo dos pés.


Esta zona é particularmente comercial, com imensas lojas, quiosques, marcas internacionais misturadas com lojas tradicionais. Nem a Hello Kitty se safou de virar portuguesa, por aqui, abraçada a um galo de Barcelos.




O nosso casal amigo estava com saudades de comida portuguesa e Ele, apesar de não confessar, também. Fizemos-lhes por isso a vontade de ir ao Restaurante Mariazinha, um típico restaurante português. Não é o único, em Macau, mas do que vimos é talvez o mais fiel ao original - as amostras de supostos "pastéis de nata" nas várias montras por onde passámos já nos tinham mostrado que ser português, ali, é um bocadinho diferente.

- Restaurante Mariazinha


Fomos excelentemente bem recebidos e servidos e, pela primeira vez, ouvimos falar português. Praticamente todos os clientes do restaurante são portugueses - alguns turistas, outros emigrantes.


Nunca pensei que fosse possível comer pratos típicos com tão boa qualidade, estando tão longe do nosso país. A francesinha, a espetada de lulas e até o pão de ló de Alfeizeirão estavam melhores do que (arrisco dizer) em 90% dos restaurantes em Portugal.

- Mansão Lou Kau

Por fora pode passar despercebida, mas as tabuletas à entrada e a quantidade de turistas aguçaram-nos a curiosidade e fizeram-nos entrar. Esta mansão pertenceu a um importante comerciante chinês em Macau e conjuga arquitectura chinesa e decoração portuguesa. Os pátios anteriores, com muita madeira e vitrais coloridos, são muito interessantes.



Pelas ruas do centro histórico, há muitas marcas do passado português - seja nos nomes das ruas, todos escritos em português, seja nos imensos painéis de azulejos.



- Igreja de São Domingos

Bem conhecida das imagens que vemos de Macau é a Igreja de São Domingos, também bastante colorida. O seu verdadeiro nome é Igreja do Convento dos Dominicanos de Nossa Senhora do Rosário e fica no largo do Senado.



- Largo do Senado

É o verdadeiro centro de Macau e, como se costuma dizer, todos os caminhos vão lá dar. É talvez o local onde a influência portuguesa é mais notória, principalmente pela calçada portuguesa com os típicos padrões. O largo é enorme e cheio de gente, e vale muito a pena perdermos uns minutos por lá, a apreciar a agitação.




- Iong's Magic Shop

Não é propriamente um ponto turístico, mas não podíamos deixar de o referir. A loja chamou-nos à atenção, numa rua triste e apagada por onde passámos em busca do nosso próximo ponto. Entrámos - Ele e o amigo gostam muito de magia - e tivemos uma agradável surpresa: demonstrações de truques de magia e muita simpatia.
Soubemos depois que esta loja pertence ao mais famoso mágico macaense, Raymong Iong. É "tão pouco" conhecido que consta que até lhe fizeram referência no filme Now You See Me 2.


- Templo de A-Ma

Este templo nasceu ainda antes de Macau, pela mão de pescadores chineses, em devoção à Deusa taoísta A-Ma. A lenda diz-nos que foi este o templo que deu o nome a Macau, quando os descobridores portugueses se depararam com as primeiras pessoas em frente ao templo e perguntaram onde estavam. A resposta em cantonês, "A-Má-Gau" (que significa Baía de A-Má), acabou por se transformar em "Macau", tal como conhecemos hoje.




As cores contrastantes, o cheiro a incenso e o silêncio são marcantes.

- Colina da Penha

A subida foi penosa - muito íngreme e muito quente, mesmo ao final da tarde - mas valeu a pena. A vista, durante toda a subida e principalmente no topo, é lindíssima. No topo, encontramos a Capela de Nossa Senhora da Penha.




- Casino Lisboa

O Hotel-Casino Lisboa é um dos edifícios que mais se destaca na zona central de Macau. Principalmente à noite, com todas as luzes coloridas. Apesar do nome bem português, foi construído por chineses e continua em constante evolução: já são, ao todo, mais de 2300 quartos.


É um dos locais que vale a pena passar quer de dia quer de noite, para percebermos os contrastes.



- Taipa

Taipa é uma das ilhas pertencentes a Macau e é bastante fácil lá chegar, uma vez que estão ligadas por duas pontes. É em Taipa que se encontram os grandes hotéis e os casinos mais luxuosos - a zona Las Vegas de Macau. Vai uma aposta? Casinos com uma Torre Eiffel em miniatura (sim, podemos dizer que já vimos duas Torres Eiffel), com canais venezianos, com tecto que imita o céu e as nuvens a passar, etc.


Visitámos, por dentro, dois dos hotéis-casino:

- The Parisian

O nome não engana: tem inspiração parisiense e é aqui que vemos a tal Torre Eiffel em miniatura. Tectos pintandos e ornamentados, muitas pedras e muitos dourados, corredores enormes e até figurantes vestidos à época. De repente, parece que estamos noutro mundo.




- The Venetian

Se antes tínhamos inspiração parisiense, agora temos inspiração veneziana. Um céu falso por cima das nossas cabeças, canais e até gôndolas e barqueiros para um passeio pelos canais. 




Os hotéis são tão luxuosos que até se torna embaraçoso, são quilómetros e quilómetros de corredores para percorrer, lojas e mais lojas e muitas zonas completamente vazias, em que não se vê ninguém. Nas salas de casino, onde não é permitido tirar fotos, também existem centenas de mesas e muitas desocupadas, com colaboradores pouco entusiasmantes a convidarem-nos para jogar.

Depois do passeio pelos hotéis e de um lanche num dos espaços comerciais do hotel The Venetian, voltámos ao centro de Macau para uma última despedida e para jantar. Gostámos tanto do Restaurante Mariazinha que repetimos a dose e lá fomos nós outra vez!



Confesso que não íamos com grandes expectativas para Macau, e talvez por isso tenhamos sentido que superou o que prevíamos. É muito empolgante a forma como as três realidades - passado português, presente chinês e as influências dos casinos de Las Vegas - se juntam e se unem, numa miscelânea irrepetível. 
Desiludiu-nos a dificuldade de comunicação. Com tanta influência portuguesa, sendo que até os nomes das ruas são portugueses, não encontrámos uma única pessoa (à excepção do Restaurante Mariazinha) que falasse português. E até comunicar em inglês foi complicado, chegámos mesmo a desesperar ao indicar a um taxista para nos levar ao Casino Lisboa... Não estávamos à espera!

De uma forma geral, gostámos muito de Macau. Vale a pena uma visita, nem que seja apenas por um dia como fizemos. Não se esqueçam de percorrer as diferentes zonas e de visitar o Restaurante Mariazinha, para matar saudades de casa!

Let's Run Away?

Bottom Ad [Post Page]