O ano começou com um esplêndido dia de sol de inverno (já cantava a Simone de Oliveira) nas Caldas da Rainha. Desde 2018 que estávamos em dívida para com a Ana e o Marco, do blog O Mundo em Duas Mochilas, e começámos o ano a cumpri-la.
Uma das melhores coisas que este blog nos tem dado são as pessoas que conhecemos graças a ele. Sei que muitos acham que os comentários que trocamos nas redes sociais são estratégia de engagement mas, por aqui, é sincero. Temos conhecido e cada vez mais valorizamos conhecer pessoas com a mesma paixão que nós temos: as viagens.
A verdade é que muitos dos nossos amigos não entendem que a nossa prioridade seja esta, que prefiramos poupar para uma viagem a ir a um restaurante mais caro, a passar uma tarde nos saldos, etc. Não deixamos de ter vida social, mas fazêmo-lo com as opções mais baratas. E há também um fenómeno interessante que já calhou comentarmos com outros viajantes: as pessoas que nos rodeiam deixam de se interessar pelas nossas viagens. Ninguém quer saber o que vimos, o que fizemos, onde fomos. Não vos consigo explicar porquê, mas notámos muito isto, principalmente nos primeiros anos de viagens - chegou a ser desconcertante, até.
Tudo isto para vos dizer que, quando encontramos pessoas que pensam como nós e vêem nas viagens a sua paixão, o seu objectivo... a converseta é muito boa. E tem sido assim que vamos descobrindo amigos, um pouco por todo o lado. A Ana e o Marco são dois óptimos exemplos disso: já nos "conhecíamos" das redes sociais, trocámos as primeiras palavras no I Encontro Nacional Travel Bloggers PT e temos a honra de lhes chamar amigos.
No primeiro sábado de Janeiro, tivemos também a honra de ser conduzidos por eles pelas Caldas da Rainha. Já ambos conhecíamos a cidade mas eram memórias muito vagas, de há muitos anos atrás. Para o João, foram memórias reavivadas várias vezes durante o passeio, e o dia encheu-se de "eu lembro-me disto!", "eu já estive aqui!", "eu lembro-me deste cheiro".
Os cheiros, esses, são uma óptima forma de descrever este passeio. O cheiro a fruta e legumes da Praça da Fruta, no rebuliço de um sábado de manhã, tão intenso que nos convenceu a fazer pausa no percurso e aderir às compras. O cheiro a café de saco (aquele irresistível café da avó) da Mercearia Pena, misturado com o bacalhau seco. O cheiro do travo a limão dos pastéis Bordallo, que experimentámos sentados numa mesa de um café. O cheiro à suculenta carne do tão conhecido Solar dos Amigos. O cheiro a relva do Parque Dom Carlos I, cheio de famílias a aproveitar o sol. O cheiro do Hospital Termal, o primeiro do mundo. O cheiro a maresia, no miradouro do INATEL da Foz do Arelho, com vista para a Lagoa de Óbidos e para a praia da Foz do Arelho, assim só de uma assentada.
Foi um dia em cheio e brevemente vão percebê-lo, através de um mini roteiro com um toque que só quem vive na cidade pode dar. Obrigada Ana e Marco, foi um dia excelente!
