O Piódão é daqueles cantinhos de Portugal que nos encanta assim que chegamos. E não me canso, nunca, de lá voltar. Para Ele foi uma estreia, e isso tornou este meu regresso ainda mais especial. Relembro sempre aquele momento em que, lá de cima da estrada, vemos o conjunto de casas na encosta, minúsculas, a parecer uma aldeia de brincar. Seja Verão ou Inverno, o Piódão encanta de igual forma. E só me falta vê-lo coberto de neve... não deve ser à toa que lhe chamam a "Aldeia Presépio".
No nosso passeio pelo Centro de Portugal, esta foi a única zona que encontrámos que não estava completamente consumida pelas chamas (podem ler mais sobre isto aqui), mas doeu-nos, da mesma forma, ouvir as histórias de quem lá vive e que relata momentos de aflição ao ver as chamas tão próximas e a aldeia a ficar "encurralada". Depois de tudo o que vimos, podemos dizer que nos pareceu um autêntico milagre ver tanto verde. E, depois de horas e horas a conduzir por entre estradas e paisagens negras, chegar aqui soube-nos ainda melhor.
Começámos o nosso roteiro por Foz D'Égua - ou Foz da Égua, uma pequena aldeia pertencente à Freguesia de Piódão. Mais do que a aldeia, esta zona é conhecida pela encantadora praia fluvial, onde se encontram a Ribeira de Piódão e a Ribeira de Chãs. Na altura do ano em que a visitámos (Novembro) a água não era abundante, mas a paisagem é igualmente magnífica. Verde, muito verde, e construções em xisto perfeitamente camufladas na Natureza.
A paisagem é mesmo assim: idílica, sem tirar nem pôr, nem photoshop à mistura. A falta de caudal nos rios permitiu-nos saltar de pedra em pedra, quais crianças, e explorar todos os recantos.
Se estiverem com tempo ou com vontade de caminhar e as temperaturas forem agradáveis, podem aproveitar um percurso pedestre e seguir de Foz D'Égua até ao Piodão. Diz que o caminho é fácil, fácil (cerca de três quilómetros) e que as paisagens valem muito a pena. Sendo um dia de inverno chuvoso, acabámos por preferir seguir viagem de carro.
E é exactamente a esta paisagem que me refiro quando vemos o Piódão pela primeira vez, na encosta, a parecer uma aldeia de brincar:
Toda a aldeia do Piódão é de xisto, à excepção da Igreja Matriz, ou Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Com o seu branco e azul, destaca-se da aldeia e marca a "entrada". Visitem também a Capela de São Pedro, mais acima na encosta.
Mesmo próximo à Igreja Matriz encontram o Museu do Piódão, onde podem aprender um pouco mais sobre a história e as tradições da aldeia. Depois, o melhor conselho que vos podemos dar é que deambulem pelas ruas, espreitem pelas ruelas e se percam. O encanto do Piódão está nas ruas, nas casas, nos detalhes.
Pelo caminho, além de habitantes curiosos e prontos a meter conversa convosco, há agradáveis surpresas:
É impossível não pensarmos, nós que moramos numa grande cidade, como são os dias por ali. A vizinhança, os estudos, as comunicações... até uma simples ida ao supermercado. A verdade é que a aldeia está apenas a 40 quilómetros de Arganil, um grande centro, e tudo acaba por estar "à mão de semear", sem comprometer a paz e o silêncio que só um destino idílico como este nos oferece.
Além de um supermercado e várias lojas de comércio local, pelas ruas da aldeia, encontramos também cafés, restaurantes e produtos regionais à venda, numa perspectiva mais turística. É claro que aproveitámos para satisfazer a nossa curiosidade e tirar algumas fotografias...
... e claro, não podíamos deixar o Piódão sem o nosso típico salto!
Antes de ir embora, ou se quiserem passar a noite por lá, procurem o Inatel. Mesmo que seja só de passagem, a panorâmica que nos dá sobre a aldeia faz valer a pena a paragem.
Terminámos o passeio a assistir ao pôr-do-sol sobre a Serra do Açor, com as cores do céu a contrastarem com a paisagem que, ali em cima, voltou a ser negra.
Mas não voltámos a casa sem antes parar em Fraga da Pena. A apenas vinte quilómetros do Piódão, esta cascata em plena Mata da Margaraça é das melhores memórias de infância que tenho e já perdi a conta às vezes em que chapinhei nas suas águas. Infelizmente, a hora tardia não nos deixou tirar fotografias. Mas pelo menos deu para perceber o investimento que houve na sua conservação e nos seus acessos, que se encontram agora muito facilitados.
Por mais que viajemos, Portugal vai estar sempre na nossa lista de destinos preferidos. E são recantos como este, como que retirados de livros de histórias de encantar, que nos fazem gostar assim tanto deste "vá para fora cá dentro". Esperamos, sinceramente, que estas fotografias vos dêem vontade de visitar - ou revisitar - o Centro de Portugal. Os incêndios atacaram fortemente esta região e, além do turismo visto na forma económica, notámos que os habitantes destas aldeias precisam de vida e agitação, de dois dedos de conversa, de falar sobre o que se passou. Voltaremos, brevemente!
Let's Run Away?