Post Page Advertisement [Top]

Roteiro: Cienfuegos (1 dia)


Se me pedissem para descrever Cienfuegos rapidamente, eu diria azul celeste. Foi a cor que me ficou na memória, um pouco por toda esta cidade onde nos sentimos perdidos no tempo. A cidade, capital da província com o mesmo nome, é Patrimónimo Mundial da Humanidade pela UNESCO e apelidada de "Pérola do Sul", pela sua baía.

Saímos de Havana em direcção a Cienfuegos logo pela manhã, de forma a conseguirmos aproveitar ao máximo o dia na cidade. Estamos a falar de cerca de três horas de carro a distanciar as duas cidades, que se podem fazer na totalidade pela Autoestrada 1. Este primeiro caminho fora de Havana deu origem à primeira vez em que pensámos que optar por um motorista foi, sem dúvida, a melhor decisão: a falta de indicações, os buracos no alcatrão e a desordem (que inclui carruagens, manadas de vacas, pessoas a pé e veículos em contra mão) que se encontram naquela Autoestrada são feitas para as mãos de quem já a percorre de olhos fechados. 
Pouco depois de sairmos do perímetro de Havana, Basílio (o nosso motorista) avisa-nos que vai parar na berma. Há uma banca de comida que serve sandes de carne deliciosas e ele, além de querer comer, quer que experimentemos. A carne, fortemente temperada e suculenta, embebe-se no pão e a sandes sabe-nos às mil maravilhas. Quem disse que em Cuba se come mal?




Apesar de nos termos levantado de madrugada para começar a viagem o mais cedo possível, o sono não vence: há tanto para ver além das janelas do carro, tanta Cuba. As laterais da Autoestrada mostram-nos como o país é verde e as palmeiras não nos deixam esquecer que estamos num país tropical.


Como poderíamos já estar com saudades de ver o mar, o primeiro ponto do roteiro foi Punta Gorda, a zona mais aristocrática da cidade, repleta de casas coloridas e com uma vista irresistível para a Baía de Cienfuegos. Percam-se pelas ruas, são fotogénicas como há poucas e as cores deixam-nos completamente rendidos.





Mesmo no extremo de Punta Gorda encontramos o Palacio de Valle, um edifício construído entre 1913 e 1917 e que não nos deixa esquecer as influências hispânicas e árabes: os detalhes, os recortes, a fachada. Hoje em dia, funciona aqui um restaurante, mas mesmo que não queiram comer, podem visitar o terraço do edifício que está aberto ao público (entrada: 2CUC por pessoa).





A pé ou de carro, sigam pelo Paseo El Prado até ao centro da cidade. De repente, percebemos que deixámos de estar fora do centro turístico e que aqui, em Cienfuegos, estamos misturados com os locais. Tentámos comer um gelado na famosa Coppelia, mas estava fechada (parece-nos um bom motivo para voltar a Cuba!). Experimentem e digam-nos de vossa justiça, são assim tão bons como se diz?




Abandonamos o Paseo El Prado na esquina com a Avenida 54 - El Boulevard, para onde viramos. Numa rua mais comercial, encontramos todo o tipo de lojas, incluindo algumas mais turísticas. Entrámos, espreitámos, comparamos preços de artigos que vão desde roupa a electrodomésticos e seguimos, por entre todas as pessoas que ali passavam. Para quem procura artesanato - ou os ímanes que costumamos trazer de cada local, foi aqui que os encontrámos. Numa das portas, uma entrada para um pátio interior escondia-nos uma pequena feira de artesanato.





A Avenida leva-nos até ao Parque Martí, antiga Plaza de Armas da cidade. Esta praça é considerada Monumento Nacional, devido à sua importância histórica - foi aqui que Cienfuegos foi fundada - e aos edifícios que a rodeiam e que visitámos um a um. 



No centro da praça, encontramos a Acta da Fundação de Cienfuegos, ou o chamado Quilómetro Zero. Foi aqui que, debaixo de um hibisco, se celebrou a cerimónia solene de fundação da cidade e se deu início à construção dos primeiros blocos. 



Num dos lados do rectângulo composto pela praça, está a Catedral de la Purissima Concepción. O edifício, do Século XIX, distingue-se pelas suas duas torres do sino: assimétricas, são diferentes em formato, altura e largura. Onde é que já vimos isto? Em Havana!



Do lado oposto, o melhor miradouro de toda a cidade. Falo-vos da cúpula do Palacio Ferrer (entrada: 1 CUC por pessoa). Este Palácio foi construído por volta de 1900 e abriga, hoje em dia, a Casa Provincial de la Cultura. O edifício em si é bizarro, principalmente por se destacar, numa das pontas, a enorme cúpula. É possível subir-lhe por uma estreita escada de ferro e observar vistas soberbas, mas apenas uma pessoa de cada vez: a cúpula é tão pequena que nem abraçados coubemos lá os dois... 







Outro dos ex-líbris da praça é o Teatro Tomás Terry (ao fundo, na foto abaixo), mandado construir como último desejo de Tomás Terry Adams, um industrial do açucar sobre o qual a história reza que não tinha grandes escrúpulos. Ainda assim, ali actuaram grandes figuras mundialmente conhecidas. 


Do lado esquerdo do Teatro, encontramos o edifício do Colegio de San Lorenzo, erguido com uma doação do académico Nicolás Jacinto Acea. O seu objectivo era garantir educação às crianças da cidade e ainda hoje se cumpre. Encontrámos o Colégio no final das aulas, com as crianças a saírem em grupos e dirigirem-se para as suas casas.



O lado contrário do parque é totalmente ocupado pela Casa da Assembleia do Governo, o antigo Ayuntamento. É a este edifício que pertence a cúpula vermelha que marca a paisagem de toda cidade, um pouco por toda a parte - se repararem, aparece em várias fotografias.


Ainda em redor do Parque Martí encontramos o Museo Provincial, que hoje ocupa aquele que era o edifício do Casino Espanhol. 

Este Parque é, sem dúvida, o ponto central de Cienfuegos e o seu maior peso histórico, pelo que lhe devem dedicar bastante tempo. Visitem os edifícios, entrem nas lojas, aproveitem a música que se ouve por todo o lado. Com sorte - e em Cuba é muito fácil ter uma sorte destas - ainda encontram um grupo a tocar ao vivo. 

No nosso caso, o dia já ia longo e era hora (tardia) de comer. O Basílio prometeu-nos uma surpresa - depois de verificar várias vezes se queríamos mesmo experimentar um restaurante local e menos turístico - e levou-nos a almoçar ao Restaurante Papito (podem ver a nossa review completa no Let's Eat Away, aqui). Na sombra de uma enorme árvore típica (de que, infelizmente, não guardámos o nome), com mesas talhadas na madeira e bancos de pele curtida, comemos a melhor comida criolla que Cuba tinha para nos oferecer. Como Basílio nos disse, "nem a minha mulher cozinha uma carne tão boa, e ela cozinha muito bem". Confessou-nos até que já lá levou a mulher, numa das suas viagens, para que ela aprendesse. E nós confessamos que voltámos de lá com a mesma vontade de aprender, porque só as fotos e as memórias já nos estão a deixar com água na boca... 



Partimos depois em direcção a Trinidad, o nosso próximo destino. Pelo caminho, e graças a uma dica daquelas que apenas os locais podem dar, parámos na berma da estrada para ver Cienfuegos, lá de cima. E mais uma vez, foi o azul celeste que nos marcou.



Bottom Ad [Post Page]