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Viajar na Gravidez... Sim, é possível.


Não queremos transformar o Let's Run Away num baby blog, mas das coisas que mais nos chegaram aos ouvidos nos meses de gravidez foram, exactamente, críticas e perguntas por continuarmos a viajar.
E friso já que não quero dizer aqui o que se pode ou não pode fazer, não sou médica nem tenho competências para o efeito. Quero apenas relatar-vos a minha experiência, porque fiz uma extensa pesquisa de relatos pessoais durante a gravidez e foi pouca coisa que encontrei.

A verdade é que viajar na gravidez é tão possível e tão normal que viajámos até ao final do sexto mês de gravidez sem ninguém, nas redes sociais, se aperceber. E só contámos quando deixámos de fazer viagens de avião, por opção nossa. É claro que para viajar é preciso de que seja uma gravidez saudável e que haja vontade (e à vontade) para o fazer. O resto? O resto faz-se. 
No nosso caso, vontade e à vontade para viajar nunca foi algo que nos faltasse, portanto só precisávamos de carta branca do médico. E sendo uma gravidez saudável, falámos com o Obstetra antes de cada viagem, fizemos um check up à mãe e ao bebé e esperámos por carta branca para avançar. Se viajar pudesse, de alguma forma, colocar a saúde ou segurança do bebé (e da mãe) em risco, nunca o teríamos feito - mas há gravidezes em que isto pode acontecer, portanto o mais importante é sempre a tal "carta branca" do médico.

Vou deixar a questão das melhores alturas para viajar para uma outra publicação, pois não quero que o texto se torne muito extenso. Mas viajámos nos três trimestres da gravidez e apenas evitámos viagens de avião no último, por conselho do Obstetra. Sei que é uma opinião que varia muito de Obstetra para Obstetra mas o meu deixou-me bastante à vontade para viajar no primeiro trimestre, desde que abrandasse o ritmo frenético com que andávamos a viajar antes de engravidar. Resumimos, por isso, a nossa "programação" a uma viagem por mês, e esse foi o nosso maior cuidado.

Depois, houve outros cuidados que adoptámos e que vou resumir-vos por tópicos. 


1. As deslocações


O avião fez parte das nossas viagens durante os dois primeiros trimestres da gravidez, e o carro esteve presente nos três trimestres. Houve, pelo meio, uma grávida a desafiar os enjoos em barco, também. 
O único cuidado que mantivemos ao longo de toda a gravidez foi "repartir" as deslocações. Se antigamente planeávamos longas viagens de carro para o mesmo dia ou íamos ao Porto "num tirinho", passámos a realizar as viagens por fases e a parar mais vezes e durante mais tempo. Ajudou ao cansaço, às dores musculares (estamos muito mais sensíveis a isso na gravidez) e também às pernas inchadas. 
A partir do segundo trimestre, a conselho do médico, utilizei collants de descanso quer nas viagens de carro quer nas viagens de avião. Mas esta é uma questão muito pessoal, que deverão validar com o vosso médico.


2. Andar de avião


Fizemos nove viagens de avião nos seis primeiros meses e nos três primeiros voos nem sequer sabia que estava grávida (apesar de que no segundo e terceiro já tínhamos uma ligeira desconfiança). Nos restantes, tive cuidado de usar roupa confortável e mais adaptável (leggins, camisolas largas) e várias camadas de roupa, para que o tempo sentada fosse passado da melhor forma possível. Levei sempre snacks e bolachas comigo, para não estar limitada às refeições das companhias aéreas (comi com muito mais frequência e evitei estar preocupada com o conteúdo das refeições, que poderia não ser aconselhado) e muita, muita água.
Uma das questões que mais surge pelo mundo virtual é sobre a segurança nos aeroportos. Uma grávida pode passar no detector de metais? [Não é um raio-x, só as malas é que passam no raio-x] Aproveitei a primeira viagem grávida para perguntar no aeroporto de Lisboa e fui muito bem esclarecida pela segurança que me atendeu: a máquina não emite radiações, apenas puxa a radiação do metal, portanto não é prejudicial para a gravidez. MAAAAS... a grávida pode sempre optar por não passar por ela, sendo sujeita a uma revista manual. 


3. A alimentação


Este foi o tema que, confesso, mais me importunou em viagem. Mas é uma questão pessoal: não sendo imune à toxoplasmose e estando sujeita a uma dieta rigorosa nos útlimos três meses, não é fácil encontrar sempre a melhor opção. Mas faz-se, e até nos Estados Unidos da América, com todo aquele fast food, consegui adaptar-me.
O primeiro cuidado que tivemos foi marcar sempre hotéis com pequeno-almoço incluído. Fora da gravidez optamos muitas vezes por soluções mais baratas, quando sabemos que caminhando um pouco ao sair do hotel encontramos várias opções para pequeno-almoço. Mas agora era imperativo reduzir o tempo de jejum e começar o dia com uma alimentação saudável e ter pequeno-almoço no hotel facilitou muito esta questão. Também nos aconteceu não ter pequeno almoço (em Sevilha, quando percebemos que o hotel era afinal um motel e que o pequeno-almoço era pedido em room-service e estava cheio de opções que não poderia comer) e tudo se resolveu indo a um café próximo.
Nas restantes refeições, sempre que não havia pratos que satisfizessem as restrições alimentares, pedi adaptações, como substituir a salada fria por legumes salteados, retirar molhos, etc. Nunca tive problemas com isso, em nenhum restaurante.
Fora das refeições, andei sempre acompanhada por bolachas e snacks saudáveis e comprei fruta em mini-mercados e supermercados.


4. O descanso


O ritmo, ao viajar na gravidez, tem obrigatoriamente de ser outro. Isso não quer dizer que se deixem de fazer coisas, mas têm de ser planeadas com mais calma e com dinâmica suficiente para alterarmos os planos a meio, se for necessário. 
Passámos a andar menos a pé (o que, ainda assim, não nos impediu de fazer 80km a pé nos seis dias que tivemos em Nova Iorque) e a utilizar transportes públicos para o primeiro ponto ou a partir do último ponto do roteiro, para minimizar as deslocações. Fizemos roteiros mais modestos para cada dia (por exemplo, no dia em que fizemos o Caminito del Rey não fizemos rigorosamente mais nada a não ser descansar na piscina do hotel) e deixámos espaço para pequenas sestas (antes do jantar, principalmente).
O facto de sempre termos andado bastante a pé e de, durante a gravidez, não ter deixado a natação e as caminhadas foi, na minha opinião, muito importante para conseguir manter-me activa e fazer tudo isto sem me "cansar" em demasia. De outra forma, acho que o Caminito del Rey no terceiro trimestre já seria um exagero, por exemplo.


5. Os sintomas associados


Ouvi muitas vezes que, para fazermos isto, devia ter tido uma gravidez santa. Bom, é verdade, não me posso queixar. Foi, acima de tudo, uma gravidez saudável e sem sustos até ao último mês. Mas não foi santa, se pensarmos em quatro meses de enjoos fortes e numa dor ciática que começou às oito semanas (sim, às oito semanas!). Mas, como brinquei na altura, tanto estou enjoada em casa como em Budapeste! 
Além disso, o sono foi uma constante até ao final do segundo trimestre e senti-me muito mais cansada e sem energia, principalmente no primeiro trimestre. Como vos referi no ponto anterior, foi uma questão de adaptar os ritmos e as exigências das actividades a cada dia, porque cada dia é diferente.

6. Cuidados de saúde


Além dos normais e habituais, preocupei-me em perceber com o meu Obstetra qual a farmácia de viagem que poderia levar. É muito pouca coisa além de Benuron, mas viajei sempre com comprimidos para os enjoos (enquanto os tinha e depois, não fossem eles voltar), Kompensan S para a azia, pastilhas para a tosse apropriadas à gravidez (a maioria não são!) e um bom e potente creme hidratante (as viagens secam muito a nossa pele e, com o esticar da gravidez, senti ainda mais isso).
Em Nova Iorque tive uma pequena reacção na pele, na zona da barriga, que não chegámos a descobrir o motivo. Sem grandes stresses, enviei fotos ao meu médico (foi a única vez que o contactei fora do consultório) e rapidamente tinha indicação dos cuidados a ter. Por acaso o medicamento que me aconselhou não era vendido nos E.U.A., mas chegámos a uma alternativa que resolveu a situação, e é o que importa. Convém, sempre, terem o contacto do vosso Obstetra ao viajar, pois só ele conhece o histórico completo da vossa gravidez e poderá prestar um apoio muito mais personalizado.


7. O seguro de viagem


O seguro de viagem é sempre uma preocupação nossa, mas na gravidez fiquei ainda mais sensível a este ponto. Além de termos sempre a hipótese de, à última hora, não podermos viajar (como vos disse, esperámos sempre ter carta branca do Obstetra), queria sentir-me segura de que se, em algum momento, achasse que precisava de observação ou cuidados médicos, não ia ter dificuldades em encontrá-los nem me sentir constrangida pelos valores que ia pagar. Por isso, desde o primeiro momento fizemos sempre um seguro bastante completo com a Iati Seguros e no caso das viagens de avião comprámos também um seguro de cancelamento especial, que nos garantia o reembolso caso não pudesse voar. Vou escrever-vos um texto em especial sobre os seguros de viagem na gravidez, mas ficam já com esta informação. E podem conhecer melhor a IATI Seguros aqui.


Resumindo, no meu "cérebro de grávida", acho que é isto. Conseguimos descomplicar as viagens ao máximo (fora a parte de calçar as collants de descanso, nisso ainda estamos verdinhos) e aproveitar toda a gravidez para conhecer mais recantos deste mundo. Qualquer questão que tenham, não hesitem em enviar e-mail ou deixar um comentário... às vezes é bom falar com alguém que já passou pelo mesmo.


Let's Run Away?

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