Quem diz que a Covilhã é uma cidade fria, não lhe conhece o coração.
Quem diz que a Covilhã é "apenas" a entrada para a Serra da Estrela, para a neve, para o Inverno, nunca lhe percorreu as ruas do centro histórico numa tarde de sol, nunca experimentou os seus petiscos, nunca lhe sentiu a noite. E mesmo a Serra da Estrela, essa, é um convite aberto ao verde e azul, quando não está coberta de branco.
Foi isto que sentimos ao descobrir a Covilhã no II Encontro Travel Bloggers PT, juntamente com os autores de mais 30 blogs de viagem portugueses.
Foi um fim-de-semana curto para tudo o que a Covilhã tinha para nos oferecer. E não me refiro apenas às várias experiências gastronómicas que tivemos... Até nós, que somos boas bocas, nos sentimos a rebolar pelas encostas da Serra abaixo, com tantos sabores deliciosos que nos passaram pela boca. Perfeito perfeito era uma mesa corrida com as bolinhas de enchidos da Taberna a Laranjinha, as papas de carolo do Montiel, a sangria de cereja do Alkimya e o Bacalhau à Assis da Pousada da Juventude das Penhas da Saúde. No bolso, um bolinho da Pastelaria Dias, para a viagem. Estão a ver como assim em menos de nada fizemos um menu completo em modo best of da Covilhã? Eu avisei que somos boa boca.
O que eu quero mesmo falar, sim, é de tudo o que a Covilhã tem para mostrar, do novo e do velho, da tradição à modernidade. Da forma como a arte urbana se enquadra nas paredes com imensa história das ruas do centro, de como retratam a vida da cidade, as suas origens, a sua ligação aos lanifícios, as personagens mais ilustres. Sim, porque a arte urbana pode contar centenas de anos de história, mesmo sendo moderna. E esta cidade tem um festival de arte urbana, o WOOL.
E uma fábrica inactiva, o que pode mostrar? Que consegue ser hiperactiva no apoio a novos projectos, na forma como guarda as memórias como relíquias, nos espectáculos que recebe, na arte que alberga. E foi assim que conhecemos o New Hand Lab, pelas mãos e palavras do proprietário.
Os lanifícios são, sem dúvida, parte do ADN da Covilhã. A lã, o burel, os tecidos, as fábricas. Foi de tudo isto que falámos no fim-de-semana, foi o toque da lã antes de ser transformada que nos aqueceu o coração. No Museu dos Lanifícios conhecemos um pouco da história deste percurso desde os tempos mais remotos. E aprendemos.
A Serra, omnipresente na paisagem - até ao acordar, pela janela do nosso quarto no Sport Hotel Gym+SPA - não podia ficar para trás. Porque não é a porta de entrada para a Serra que define a Covilhã, mas torna-a num óptimo convite. E apesar de serem incontáveis as vezes que já subimos à Serra da Estrela, nunca a tínhamos visto assim, destapada do branco da neve. Não minto ao dizer que a surpresa foi enorme e que ganhou todo um novo encanto. Que bonita é! Não querendo fazer comparações, entrar na clareira do Covão D'Ametade fez-me lembrar o sentimento de imensidão que senti no Yosemite National Park, nos Estados Unidos. Aquela sensação de termos a Natureza a gritar para nós, em todo o seu esplendor.
Cada vez temos mais certezas que, como acabei de fazer, passamos a vida a comparar Portugal com o que vemos lá fora quando, na verdade, Portugal é incomparável. Não temos dúvidas que Portugal é o país mais lindo do mundo, mas agora sabemos que é na Covilhã que está o seu coração de lã.
P.S. - não podemos deixar de agradecer ao Município da Covilhã pela receptividade e forma calorosa como acolheu este encontro! Muito obrigado!