Eu sei, é o tema do momento. E juro que não é clickbait.
Estivemos cinco dias em Itália no final do mês de Fevereiro e tudo o que nos perguntam é sobre o coronavírus. Bom, a Itália estava bella como sempre e quanto a esse bicho, quase não demos por ele, não fossem as notícias na rádio e os comentários que nos chegavam de Portugal. Já lá vamos, foquemos no que interessa: a bella Itália.
Aterrámos em Milão Malpensa na quinta-feira de manhã, pegámos no carro que alugámos e ala que se faz tarde até Lecco, a primeira paragem. Primeiríssima de muitas... O Lago di Como é maravilhoso, de águas límpidas e transparentes, rodeados de escarpas altíssimas e montes ainda maiores, salpicados de neve no topo. Nas margens, sucedem-se povoações de aspecto romântico, ruelas apertadas, prédios em tons ocre que cortam o verde e castanho das paisagens. E muita comida italiana, daquela que nos faz engordar sempre que viajamos para o país.
Destinámos dois dias ao Lago di Como e, se soubéssemos, teríamos destinado mais. Há tanto para descobrir, tanta aldeia minúscula que não vem nos roteiros e esconde boas surpresas. E Como, a cidade, merece uma visita por si só: é bonita e enorme, com muito para descobrir.
O Lago Lugano, dividido entre a Itália e a Suiça, foi talvez o que menos nos roubou o coração. Não que não seja bonito, mas a romântica Itália é um contraste muito grande com a séria Suiça e, bom, nós não somos pessoas sisudas. O Lago não está tão limpo, a vida é mais cara e só ficámos felizes na Suiça ao encher o depósito mais barato. Com isso e quando, já depois de regressarmos a Itália mas muito próximo da fronteira, descobrimos a loja da fábrica dos chocolates Lindt. Uma desgraça!
Espreitámos o Lago Varese numa rápida fuga ao percurso, para brincarmos com os espelhos de água causados pela neblina e seguimos para a nossa segunda paixão da viagem: o Lago Maggiore. Voltamos às povoações românticas, aos tons ocre, às ruelas inclinadas. Voltamos às águas límpidas e encontramos a melhor vista do hotel de sempre. Teria ficado na varanda do Hotel Ristorante San Carlo, acompanhada de um bom livro, todo o dia sem me queixar...
Se pensarmos nas paisagens que mais rapidamente nos tiraram o fôlego, temos de mencionar três:
- Pigra, da varanda do funicular, com uma golden hour de suspirar;
- o Monte Bré, na Suiça, que nos fez achar o Lago Lugano um bocadinho mais bonito, no meio da neblina;
- o espectacular Monte Mottarone, com uma vista incrível para os vários lagos da região e neve;
Terminámos a viagem com um saltinho muito rapido ao Lago d'Orta, onde gostávamos de ter tido tempo para explorar melhor Orta San Giulio, que nos pareceu adorável. Mas havia uma "crise" chamada coronavírus a assombrar o regresso a Portugal e resolvemos ir para o aeroporto mais cedo, para prevenir possíveis atrasos.
Voámos para Itália antes do surto de coronavírus ser identificado. Estivemos nos mesmos "distritos" (Lombardia e Piemonte) mas a cerca de cem quilómetros de distância das cidades que foram isoladas pelas autoridades. E a verdade é que, durante estes cinco dias, não sentimos que o surto de coronavírus afectasse minimamente a nossa viagem. As zonas por onde andámos estavam calmas, sem sobressaltos, sem máscaras, sem supermercados vazios. Esta viagem fez-nos perceber o quanto as notícias são alarmistas e exageradas: em Itália comentava-se exactamente isso, e pudemos perceber o mesmo quando líamos as notícias em Portugal. Voltámos bem, continuamos bem e estamos tranquilos. Optámos por ficar a trabalhar a partir de casa nas duas semanas posteriores por uma questão de prevenção e não colocar o bebé no berçário, para salvaguardar as pessoas que nos rodeiam.
Se o surto de coronavírus fosse identificado antes da data do nosso voo, provavelmente não teríamos viajado. Porque nunca se sabe como o surto vai evoluir e porque a tensão não nos iria deixar aproveitar a viagem. Mas temos mais viagens marcadas para os próximos meses e, a menos que os destinos passem a constar da lista dos sítios não recomendados devido a surtos, não tencionamos cancelar nenhuma das viagens. Se tiverem dúvidas relativamente às vossas viagens e à forma que podem ser afectadas pelo coronavírus, aconselhamos a que consultem um médico de medicina do viajante. Foi o que fizemos, e foi isso que nos deu esta tranquilidade.