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Não encontrámos linces, mas furámos dois pneus.



Se a intensidade de um fim-de-semana se medisse pelo número de pneus furados, a emoção de furar dois de uma vez já valia por muitos pontos, certo? Certo. Se a isso juntarmos o facto de termos furado dois pneus em plena Reserva Natural, sem rede no telemóvel, sem internet para procurar por ajuda e com uma criança de um ano, esfomeada, no carro, aposto que duplicamos a pontuação.

Sim, viemos da Serra da Malcata com mais uma história para contar, ou não fosse esse o prato do dia por estes lados. O que é que estávamos a fazer na Malcata?, aposto que perguntam vocês. Fácil. E não era à procura de linces.

Antes do Verão fomos convidados pela iNature – uma rede de 12 áreas classificadas da Região Centro de Portugal – para descobrir melhor os parques da Região Centro. Como alguns já são nossos conhecidos e só teríamos um fim-de-semana disponível, decidimos escolher um que há muito nos suscitava curiosidade, pequeno o suficiente para poder ser descoberto num fim-de-semana. Escolhemos, sem dúvidas, a Reserva Natural da Serra da Malcata.

Sabíamos à partida que íamos encontrar muita natureza, mas não linces. Há muitos anos que estes não são avistados por aqui. Mas há outros animais para conhecer, uma paisagem florestal muito típica e vários quilómetros de trilhos. Além disso, as praias fluviais estão um pouco por todo o lado no mapa e, bem perto, há várias aldeias (algumas históricas) para explorar. Com as dicas disponíveis no site da iNature fizemos o nosso roteiro e, numa sexta-feira à noite no início de setembro, partimos à descoberta.

Fomos muito bem recebidos nas Casas da Penha, que têm a parede mais espectacular de sempre. Isso e uma bela vista para o pôr-do-sol, viemos depois a descobrir. Descansámos da viagem, acordámos para a cesta de pequeno-almoço que estava à nossa espera e partimos para um pequeno trilho – que ainda não estamos habituados a isto de alombar com uma criança às costas – para conhecer a mata característica da Malcata.

O Percurso Pedestre da Capela do Espírito Santo é curtinho, cerca de 4 quilómetros, e termina em beleza numa praia fluvial. Depois, descobrimos outras praias fluviais por perto e o belo Castelo do Sabugal. Ao almoço, comemos em bom português no Restaurante o Tear e seguimos para o topo da Serra da Malcata, onde aproveitámos as paisagens e a vista para a albufeira. Foi exactamente quando estávamos a descer para a Bairragem, mortinhos por chegar à Zona Balnear do Meimão,que o carro começou a fazer um barulho estranho. E o resto da história vocês já sabem, mete dois pneus furados, um reboque, um táxi e planos por água abaixo.

Não foi o fim-de-semana que tínhamos planeado, nem vimos metade do que pretendíamos. A Serra da Malcata, com a maior parte dos caminhos a serem estradas sem alcatrão, não é fácil de percorrer. Talvez por isso seja tão pouco falada por viajantes. Mas, acreditem, as paisagens valem muito a pena. Prometemos contar tudo brevemente, num roteiro pormenorizado. Até lá, vamos continuar a preparar a próxima.


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