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Nas Flores, cheira a paraíso.

Era início de fevereiro de 2020 quando comprámos, com amigos, voos para uma escapadela de seis dias aos Açores. O objectivo era visitar a ilha das Flores - e dar o "saltinho da praxe" ao Corvo, claro - mas como somos gulosos acabámos por escolher escalas que nos permitissem passear por duas outras ilhas, o Faial e São Miguel.


Depois, veio um tal de coronavírus, veio o confinamento, vieram restrições à entrada nos Açores. E nós sempre achámos que íamos acabar por não ir. Aquele desligar das expectativas para não sofrer mais uma desilusão, sabem? Até que chegou à altura de ir.


Tratámos de tudo, zaragatoa incluída, e voámos. Voámos e chegámos ao Paraíso. Não sou crente, mas é notório que quem criou os Açores depositou lá muito mais esforços do que no resto do mundo. Sim, os Açores são mais bonitos do que o resto do mundo - na minha modesta opinião. Vale o que vale, eu sei, mas a minha opinião diz-me que em 2020 estive no pedaço de terra mais bonito do mundo e que esse "pedaço de terra" se chama Flores. Já nos tinham avisado, as expectativas com a beleza da ilha já estavam bastante altas. Mas, logo na primeira paragem depois de sair do aeroporto, superou tudo o que achávamos.


Cheira a flores, sabem? E tudo é verde. Há alocasias a romperem nas bermas, outras a ultrapassarem o meio metro em cada... folha! As vacas estão lá, claro, com o seu ar fanfarrão e feliz. Mas quase consigo jurar que há tantas cascatas quanto vacas. E lagoas também não são poucas. Tudo isto em paisagens em muito pouco tocadas pela mão do Homem. Tudo isto a apetecer pegar no telemóvel, na câmara, no drone e em muito espaço na nossa memória pessoal para conseguir reter cada milímetro. Cada pedaço de verde, cada cheiro, cada floco de nevoeiro, cada bocadinho de vento. Tudo isto com uma calma como não há igual. Tudo isto aqui, no nosso Portugal.


Ir e vir ao Corvo num dia é redutor, já sabíamos. Mas não tínhamos tempo suficiente para mais do que isso, desta vez, e o cancelamento de um dos voos ainda nos atrasou mais. Ainda assim, parece-nos que funcionou. Percorremos as ruas do Corvo, subimos ao Miradouro da Caldeira, descemos lá abaixo e tudo o que custou, compensou também na grandeza da paisagem. Estar no meio da Caldeira, só ouvir o nosso eco é arrebatador - mesmo que a água não cheire assim tão bem.

Havemos de voltar, não temos dúvidas, às Flores e ao Corvo. Ou ao Corvo e às Flores. Na sua individualidade, há qualquer coisa que as torna interligadas. E tal como não percebemos a grandeza do Pico sem vermos a sua omnipresença no horizonte das outras ilhas, também o Corvo goza desta relação. É preciso estar nas Flores e vê-lo, é preciso apanhar o barco e fazer o caminho para ver aquele pedacinho diminuto de terra a aparecer, cada vez maior, no horizonte. O mar que liga as Flores ao Corvo é de um azul indigo tão profundo que não conseguimos descrever. Nunca vimos igual. E já nem vamos falar dos cachalotes e dos golfinhos que nos dizem "Olá, ainda bem que vieram!" com um dos espectáculos mais belos de sempre. Já vos dissemos que vivemos dos dias mais incríveis das nossas vidas?


Depois disto tudo, voltámos a casa com a calma de quem tinha aproveitado um mês de férias. É o efeito Açores: um fim-de-semana vale por uma semana, seis dias já valem por um mês. Se este não é o melhor cartão de visita possível, então não sei. Também há queijo, e do bom. Estão convencidos?


Let's Run Away!

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