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Roteiro: 3 dias em São Francisco


Li, algures, a frase "San Francisco is poetry". Não encontro melhor frase para descrever esta cidade. Muito romantismo, um tudo ou nada de dramatismo, uma luz fenomenal. Desculpem-me os "nova-iorquehólicos" (como o meu João é), mas São Francisco passou imediatamente para o topo das minhas preferências nos Estados Unidos da América. Não é segredo nenhum que não gostámos de Miami (a cidade mais fake), que Las Vegas, Los Angeles e Key West são giras, que Nova Iorque é especial. Mas São Francisco tem qualquer coisa que não consigo explicar.


Foi nesta cidade que começámos a nossa roadtrip pela Costa Oeste dos E.U.A. e, assim que aterrámos, começámos a explorá-la. Tivemos a sorte (ou a boa escolha) de ficarmos alojados numa das principais artérias da cidade - a Powell Street - e mesmo antes de chegarmos ao Hotel Stratford (podem ler a nossa opinião aqui) para pousar as mochilas, já estávamos rendidos aos cable cars

São Francisco é uma cidade enorme e com muito para descobrir. Para os três dias que tínhamos disponíveis escolhemos visitar os pontos principais.


Dia 1 


Mesmo ao lado do hotel tínhamos a Union Square - é nesta zona que se encontram as principais lojas, teatros e os maiores hotéis de São Francisco. Em cada canto da praça havia enormes corações, com diferentes pinturas. E o meu coração já estava a palpitar por esta cidade!




Seguimos depois para China Town, entrando pela Dragon's Gate, em busca das famosas lojas de lustres e pedras. São enormes e vale a pena espreitar, mesmo que não queiram comprar nada. Há por aqui vários restaurantes recomendados, também, caso queiram comer comida chinesa.
Para compras, não achámos que fosse uma preciosidade. Fora os típicos souvenirs (ímanes e porta-chaves), os preços eram bastante elevados.




China Town termina mesmo às portas do Distrito Financeiro, onde estão os maiores edifícios de negócios, os bancos internacionais, os arranha-céus que se distinguem na paisagem. Um deles é o 555 California Street, um dos arranha-céus mais altos do mundo, com 237 metros. Há também a curiosa Pirâmide Transamerica, construída para sede da Transamerica Corporation. Hoje em dia, apesar de a empresa ter mudado de instalações, a Pirâmide continua a fazer parte do seu logotipo.



Parámos na Old Saint Mary's Cathedral, uma das Designated San Francisco Landmark, e também na Vaillancourt Fountain, uma escultura bastante controversa que já esteve para ser demolida várias vezes e seguimos a nossa caminhada até à zona do Embarcadero.
Nesta área, existe um enorme parque verde onde, mesmo sendo dia de semana, foi possível ver várias famílias, grupos de adolescentes, etc. a aproveitar a relva e os últimos raios de sol daquele dia.
Acho que foi aqui que me comecei a aperceber que São Francisco tem, sem dúvida, uma luz diferente e muito característica.




Embarcadero é, tal como o nome nos pode fazer adivinhar, a zona onde ficam os variadíssimos Piers de São Francisco - e alguns bem famosos. Neste primeiro dia não lhe demos muito destaque, porque já sabíamos à partida que seria o nosso primeiro destino do Dia 2, onde apanharíamos o barco para Alcatraz.


Terminámos o nosso roteiro em Little Italy, o bairro italiano de São Francisco. Começámos pela The National Shrine of Saint Francis of Assisi e descobrimos, acidentalmente, a City Lights Booksellers. Esta livraria imperdível foi, em tempos, frequentada por Kerouac. Além da fama pela escolha dos livros, é também famosa pela sua fachada e pela instalação artística com livros pendurados que, à noite, ganham luz. Até o chão é especial...




Depois, perdemo-nos um pouco pelas ruas de Little Italy. Não tínhamos nenhum ponto específico a visitar, por isso percorremos as ruas, vimos os típicos restaurantes italianos, passeámos curiosos pelas montras das lojas.


Fizemos o caminho de regresso ao hotel a pé, e sentimos pela primeira vez o "peso" das ruas inclinadas de São Francisco. São tal e qual como vemos nos filmes, mas a sensação de as subir ou descer faz doer o nosso tendão de Aquiles mais do que poderíamos imaginar. A quantidade de vezes que parámos para fotografar a vista, uma casa, ou simplesmente a forma como a luz incidia na rua, ajudou a que o caminho fosse feito sem pressas e que os nossos músculos fossem minimamente poupados. O final de tarde é muito especial em São Francisco, especialmente se tiverem a sorte de a cidade vos receber sem o seu tão característico nevoeiro (como nós tivemos).




Dia 2


O segundo dia de viagem foi pensado de acordo com a marcação que tínhamos feito para visitar Alcatraz - é indispensável reservar com antecedência, já que os bilhetes costumam esgotar vários meses antes.

Graças ao jet lag, acordámos quando o sol começou a raiar e a única coisa aberta na rua era um Starbucks que servia durante 24 horas. Como não tínhamos pequeno-almoço no hotel e o Starbucks seria a nossa solução mais óbvia, fizemo-nos ao dia e apanhámos um dos primeiros cable cars que partiu do final da Powell Street - a paragem The San Francisco Cable Car. Os tão típicos cable cars de São Francisco funcionam das 06h00 às 00h00 todos os dias e um bilhete de ida custa 7$. 


Descemos do cable car no cruzamento da Hyde Street com Lombard Street. O nome diz-vos algo? É a famosa rua em ziguezague que vemos nos filmes e que, ao vivo, é ainda mais fofinha. Ir pela fresca deixou-nos aproveitar a rua sem grandes enchentes de turistas e ver os carros a ziguezaguear por ela abaixo. Imperdível! 


Enquanto não eram horas para apanhar o ferry para Alcatraz, passeámos pelo Fisherman's Wharf, a zona portuária de São Francisco. Além de muitos barcos, lojas de produtos de pesca e também de souvenirs, há o famoso Pier 39, cheio de leões marinhos. Na altura do ano em que fomos não estava muito populado, mas há alturas em que é quase impossível ver os decks, de tal forma estão cobertos de pachorrentos animais a apanhar sol.





Depois, a Prisão de Alcatraz. O ferry para Alcatraz apanha-se no Pier 33 e foi para lá que fomos caminhando. Reservámos a visita a Alcatraz com a Alcatraz Cruises com mais de um mês de antedência e custou 38$ por pessoa. Este valor inclui o ferry e a visita à "ilha" e à prisão. A reserva é feita para a hora da partida e podem regressar quando quiserem, mediante os vários horários disponíveis. Mas contem, pelo menos, com umas três horas no vosso planeamento.
E se costumam enjoar, apostem no Vomidrine. A viagem é rápida mas o ferry abana imenso - palavras de quem saiu do barco a correr só para não ter que aguentar aquilo durante nem mais um bocadinho.




Na "ilha" (coloco ilha entre aspas porque, na realidade, Alcatraz é uma ilha falsa, foi colocada ali), visitámos o interior da Prisão com o audio guia e participámos ainda em dois pequenos talks que são disponibilizados pelos Rangers. Além disso, aproveitámos as desafogadas vistas para São Francisco e admirámos, pela primeira vez, a icónica Golden Gate. 





Regressados da prisão e cheios de fome, voltámos ao Pier 39 onde almoçámos a tão típica clam chowder, a sopa de amêijoas servida num pão. Existem duas variedades - a branca e a vermelha - mas quem nos atendeu garantiu-nos que a branca era melhor e não questionámos. Provado e aprovado!


A tarde já ia mais longa do que esperávamos e, por isso, em vez de nos fazermos ao caminho a pé como tínhamos previsto, apanhámos um Uber e fomos até outro dos sítios mais cliché da cidade: as Painted Ladies. As casas victorianas de São Francisco são todas maravilhosas, mas esta rua tem as mais bonitas de todas. Iguais e pintadas em tom pastel, ficam bem em qualquer fotografia - e isso notava-se pela quantidade de pessoas que aqui estavam à procura da melhor perspectiva.


Vagueámos a pé por Mission Dolores Park, onde parámos no Mission Dolores, o mais antigo edifício ainda em pé de São Francisco e também por Clarion Alley, a zona de graffitis da cidade. A deambulação terminou no Castro District, um dos mais antigos bairros gay dos Estados Unidos da América.
Visitámos a Califórnia em pleno Pride Month, portanto as bandeiras coloridas estavam um pouco por todo o lado. Mas, neste bairro, a cultura LGBT e a luta pela igualdade de direitos vivem-se ainda com mais garra. Há murais de apoio, há recolhas de assinaturas, graffitis que não deixam esquecer quem mais lutou e, claro, lojas e cafés com nomes sugestivos. Mas o mais característico deste bairro talvez sejam as passadeiras...




Dia 3


A manhã do terceiro dia foi dedicada a Palo Alto, ao passeio pensado para o fanático da Apple que é o João. Depois, regressámos a São Francisco e dedicámos o dia a encontrar a melhor vista para a Golden Gate.
Mas, primeiro, subimos às Twin Peaks para uma vista panorâmica sobre a cidade. O tempo não colaborou - estava uma enorme ventania - mas a vista vale mesmo a pena. Dá para perceber não só o aglomerado de arranha-céus como também as inclinações das ruas.



Depois de vermos o Golden Gate Park, seguimos para Lands End. Esta zona foi uma dica preciosa encontrada no Instagram e, na verdade, tem uma das melhores vistas para a Golden Gate Bridge. Lands End é um parque verde composto por vários trilhos e alguns miradouros. Escolhemos fazer o trilho até Lands End Beach, a famosa vista para a ponte rodeada de rochas. Não tivemos muita sorte com o tempo, mas mesmo assim o trilho vale a pena.




Apesar do tempo não estar convidativo, visitámos uma outra praia. Falo-vos de Baker Beach, "a praia" com vista para a ponte. Mesmo com muito nevoeiro e chuva, havia pessoas a passear cães, grupos a jogar à bola e uma vista incrível.
As casas por trás da praia são muito convidativas, a ponto de termos ficado ali a imaginar o que seria de nós se comprássemos uma...


Depois de fazermos uma paragem rápida na berma para imortalizarmos a vista da foto seguinte, fomos ao Golden Gate Vista Point. Já com as luzes da noite a acenderem-se, a vista para a ponte encheu-nos o coração. 



Fechámos o dia com o uma paragem no Palácio das Belas Artes, um lindo edifício com um lago digno de cenário de filme. Sabiam que foi construído propositadamente para a Expo de... 1915?


Se querem que vos diga, São Francisco deixou-me perdidamente apaixonada. A luz, a arquitectura, as ruas inclinadas, o som do sino dos cable cars... Vejo-me a voltar facilmente a esta cidade, para ficar, certamente, durante mais do que três dias. O único ponto negativo que lhe posso apontar é a constante presença de sem abrigos. Para Ele, foi um factor inibitório para se apaixonar pela cidade. São centenas e centenas deles e, apesar de não interpelarem os turistas, não conseguimos ficar indiferentes. Principalmente sendo Psicóloga e percebendo que a maior parte dele são pessoas com problemas de saúde mental. É chocante. E, por toda a América, a situação dos sem abrigo é chocante.
Mas, lá está, tudo encaixa no poema da cidade. E a luz, a luz não me sai da cabeça...


Let's Run Away?


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