Uns dias depois de fazermos o traçado californiano da Route 66 (falámos disso aqui), fizemos também uma parte do traçado no Arizona. Como vos dissemos, não ficámos convencidos com a Route 66 e, posso até dizer, chegámos a Needles desiludidos. Pelo Instagram, recebemos uma mensagem de um português que já fez milhares e milhares de quilómetros pelos Estados Unidos e que nos garantiu que havia partes do traçado bem mais engraçadas. Como continuávamos pela zona, resolvemos tirar as dúvidas... e valeu a pena!
Esta é a parte boa de ter sempre espaço para alterações ao planeamento das nossas viagens. Gostamos de levar a lição bem estudada, planos bem traçados de forma a garantir que nada do que queremos ver fica para trás. Mas também fazemos questão de deixar espaço para imprevistos, surpresas e até, como neste caso, mudanças completas de planos.
Alterámos o hotel que tínhamos reservado para o dia em que abandonássemos o Grand Canyon e fomos dormir a Kingman, no Super 8. O plano era seguir a Route 66 a partir daqui em direcção ao ponto em que a tínhamos terminado, em Needles, já na Califórnia.
Começámos o dia no Historic Route 66 Museum de Kingman, mas batemos com o nariz na porta. Apesar de a informação disponível online nos dizer que o Museu está aberto todos os dias das 09h00 às 17h00, estava fechado e, por isso, desta vez não tivemos direito ao guia pormenorizado quilómetro a quilómetro.
Sem problema, o GPS mostrava bem esta parte do traçado da Route 66 (há muitas partes que já nem sequer constam dos mapas) e tínhamos pesquisado informação na véspera. Sabíamos onde queríamos parar e para onde queríamos seguir, não havia muito que enganar. E realmente, não houve.
Rapidamente estávamos embrenhados nas paisagens que sonhamos para a Route 66, ou pelo menos, para as paisagens que os filmes nos habituaram a ver. Quilómetros e quilómetros de estrada, deserto e muitos cactos. Aqui e ali, avistávamos algumas casas isoladas e as típicas caixas do correio na berma da estrada - que dão vontade de parar constantemente para tirar uma fotografia.
A primeira paragem oficial - já tínhamos encostado o carro várias vezes na berma, para tirar fotografias - foi Cool Springs. É, nada mais nada menos, do que uma típica bomba de gasolina antiga. Apesar de não estar em funcionamento, tem um café e uma loja de recordações para quem quiser parar e relaxar um pouco. Dizem que o dono é muito simpático e divertido, mas naquele dia estava sentado na sua cadeira à sombra e não nos ligou nenhuma.
Além da bomba de gasolina e da loja, há carros antigos estacionados ao laod, mesmo a pedir uma fotografia. Nós, pelo menos, não resistimos.
Fizémo-nos novamente à estrada, passámos os acesso às minas de ouro tão conhecidas na região (fechadas) e continuámos a parar aqui e ali para uma fotografia. O calor, apesar de ser cedo, já se fazia sentir e foi das zonas onde apanhámos temperaturas mais elevadas durante toda a nossa roadtrip.
Próxima paragem: Oatman. É, sem dúvida, o lugar mais inesperado em que estivemos na nossa viagem. Chamam-lhe Oatman Ghost Town e sim, faz sentido. Fica nas Black Mountais do Deserto Mohave e foi, em tempos, habitada por quem trabalhava nas minas de ouro. Desde cerca de 1960 que se tornou numa autêntica cidade fantasma, sem ninguém, e hoje em dia só existe com um propósito turístico (voltamos à história da tourist trap, sim!).
A principal particularidade de Oatman? Os burros. A aldeia está cheia de burros selvagens, descendentes dos que foram trazidos há centenas de anos pelos antigos mineiros. Andam por todo o lado, nas ruas e nos passeios, abordando as pessoas em busca de comida.
Além dos burros, há várias lojas com os mais variados artigos para venda. Nós apenas entrámos na "famosa" Oatman Candy Shoppe, mas acreditem que a escolha é variada para uma aldeia tão pequena.
Outra particularidade de Oatman? O Campeonato Anual de ovos fritos no passeio. Sim, leram bem... Todos os anos pelo dia 4 de Julho a aldeia enche-se de pessoas que competem pelo melhor ovo frito no passeio. É que as temperaturas são tão elevadas que é mesmo possível fritar ovos no chão.
Outro dos pontos de paragem é o Oatman Hotel. Tornou-se conhecido depois de duas grandes estrelas americanas, Clark Gable e Carole Lombard, terem aqui passado a sua noite de núpcias e lua-de-mel. O quarto onde dormiram está intacto, com recortes de jornais e fotografias dos dois, e é possível visitar o resto do hotel também.
Despedimo-nos de Oatman com uma parada de motas e fizemo-nos novamente à estrada.
Oatman foi a última paragem oficial deste trajecto, que continuou por quilómetros e quilómetros de estrada rodeada de deserto e cactos, tal como tinha começado.
Dentro do Arizona, desde Kingman até encontrarmos a fronteira da Califórnia, o percurso segue regulamente, sem muitos percalços ou os famosos dead ends que encontrámos por todo o lado, quando fizemos o percurso da Califórnia.
A paisagem é, como nos tinham garantido, muito mais apelativa. Mas os sítios onde parámos deixam-nos o mesmo sentimento de estarem ali apenas para turista ver, como já vos tínhamos descrito.
Depois de entrarmos na Califórnia, apanhámos a auto-estrada até Los Angeles, o último ponto do nosso roteiro. É uma cidade gigante com muito para ver e dedicámos-lhe quatro dias da nossa viagem. Curiosos?
Let's Run Away!
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