Remedios não estava, nunca esteve, no nosso roteiro inicial. Por puro desconhecimento, confesso. Depois de percorrermos Havana(aqui e aqui), Cienfuegos (aqui), Trinidad (aqui) e Santa Clara (aqui), achámos que não havia mais tempo antes de nos dirigirmos aos Cayos, pois não queríamos sair de Cuba sem conhecer as suas famosas praias. Inicialmente tínhamos pensado em Varadero, por se encontrar mais próximo de Havana (onde regressaríamos para apanhar o avião de volta a Lisboa) mas o facto de ser uma zona demasiado turística e que ele já conhecia não nos agradava. Yoander, num dos muitos e-mails que trocámos para planear a viagem, recomendou-nos Cayo Santa Maria, muito bonito mas mais recatado e com hotéis com preços mais simpáticos. Pareceu-nos a fórmula perfeita e passámos a incluir Cayo Santa Maria no roteiro.
Quando Basílio, o nosso motorista, percebeu que íamos para Cayo Santa Maria sem parar em Remedios (que fica a caminho) disse-nos que não poderia ser, que não fazia sentido passar por Remedios sem a visitar. E tinha toda a razão. Se em Trinidad nos sentimos num conto de fadas, se em Cienfuegos e Santa Clara sentimos todo o peso da história, aqui o sentimento provocado tem algo de surreal. Parece que "aterrámos" num cenário de filme, limpo, imaculado, arrumado à espera da gravação da próxima cena. Quase não há pessoas nas ruas e os edifícios em torno da praça central estão impecavelmente conservados e pintados. Tudo parece parado no tempo, congelado à nossa espera. Adorámos.
Não tivemos muito tempo para explorar Remedios, foi apenas um pequeno pitstop, mas foi o suficiente para pensar que é o lugar perfeito para fugir do rebuliço do mundo.
Inicialmente, a cidade era conhecida como Santa Cruz de la Sabana e só depois de um grande incêndio foi rebatizada de San Juan de los Remedios del Cayo, em 1578. O ponto principal é a Plaza Martí, onde se situa o centro da cidade.
Em torno da praça ficam, como é habitual, os edifícios mais importantes. O primeiro deles, que infelizmente não conseguimos visitar por dentro, é a Iglesia de San Juan Bautista, considerada uma das mais importantes de Cuba. É a sua torre que mais se destaca no ambiente da praça e no seu interior tem um altar barroco e um tecto ornamental que, dizem, merecem a visita.
Existe também outra igreja, bem próxima, a Iglesia Bien Viaje.
Além do Hotel Mascotte e do antigo Casino Español, não deixem de visitar os cafés cheios de pinta que rodeiam a praça: a Taberna Los 7 Juanes e o café El Louvre, fundado em 1866.
Não tínhamos muito tempo disponível, mas ainda nos conseguimos perder um bocado pelas ruas, cheias de cor. À medida que nos vamos afastando do centro, a cor vai-se desvanecendo, mas as ruas não perdem o encanto e surrealismo. Continuamos a achar que estamos num estúdio e que as gravações do filme vão começar a qualquer momento.
Numa das laterais da praça, por trás da enorme estátua, encontrámos também uma pequena feira de artesanato. Parece que é ponto assente em cada local que visitamos. E esta era a mais pitoresca de todas...
Adorámos Remedios. Tanto que Basílio, quando nos foi buscar a Cayo Santa Maria para a viagem de regresso a Havana, fez questão que parássemos na cidade outra vez. Tinha outra surpresa para nós: provar os melhores gelados da região... Não sabemos muito sobre estes gelados, apenas que ficam na Calle Antonio Maceo, mas garantimos que são deliciosos e valem a pena a procura. O helado de piña que comi, com pedaços, é inesquecível!
Se puderem, não deixem de ir a Remedios. Não só pelos gelados, é claro, mas por toda a atmosfera tão própria que a cidade tem. Se quiserem descansar e desfrutar, fiquem mais tempo pela cidade. E se quiserem animação, visitem-na durante o Parrandas, uma festividade típica que leva milhares até Remedios. Acontece entre 04 a 24 de Dezembro, com o seu expoente máximo no dia 24. Há música e todas as pessoas, de todas as idades, podem participar neste evento baseado na competição entre os dois bairros - San Salvador e Carmen - que preparam músicas, desfiles, carros alegóricos e engenhocas de madeira chamadas trabajos de plaza.
Let's Run Away?
